
Olá, pessoal!
Nesta semana, trago no site uma coluna especial sobre o trabalho de Chris Squire no álbum Tales from Topographic Oceans. Neste artigo, analisamos diversas linhas de baixo criadas por este lendário músico, explorando os aspectos harmônicos, melódicos e rítmicos que definem seu estilo único.
Esse material faz parte de um acervo cuidadosamente elaborado, que está disponível como apoio para as minhas aulas de contrabaixo, tanto presenciais quanto on-line. É uma excelente oportunidade para aprofundar seu conhecimento sobre as técnicas e a abordagem de um dos maiores baixistas do Rock Progressivo.
Além deste artigo, minha coleção inclui diversos estudos sobre contrabaixo, teoria musical e análise, voltados para músicos que desejam expandir suas habilidades e compreensão do instrumento.
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Tales from Topographic Oceans - Yes
A banda britânica de rock progressivo Yes lançou seu sexto álbum de estúdio, Tales from Topographic Oceans, em 1973. Este álbum é visto como um dos mais ousados e ambiciosos da banda, espelhando a profundidade e complexidade do rock progressivo daquele período. O álbum, composto por apenas quatro faixas extensas, possui uma estrutura conceitual, onde cada segmento é inspirado em tópicos espirituais e filosóficos, fortemente influenciados pelo livro Autobiografia de um Yogi, de Paramahansa Yogananda.
O álbum é notável por sua extensa duração, com a faixa "Ritual (Nous Are One)" sendo uma das maiores já registradas pela banda. Cada uma das composições foi cuidadosamente estruturada, com letras e temas que exploram a busca espiritual, a natureza da existência e o despertar da consciência. Musicalmente, Tales from Topographic Oceans destaca-se pela habilidade técnica dos músicos, com solos intrincados de guitarra de Steve Howe, complexidade rítmica de Bill Bruford e o trabalho inovador de Chris Squire no contrabaixo, complementado pelas camadas harmônicas e melódicas criadas pelos teclados de Rick Wakeman e as vocais de Jon Anderson.
A obra foi recebida de forma mista, com alguns críticos destacando sua grandiosidade e originalidade, enquanto outros a consideraram excessivamente complexa e difícil de digerir. No entanto, Tales from Topographic Oceans tornou-se um marco na história do rock progressivo e uma das obras mais emblemáticas do Yes, consolidando sua posição como uma das bandas mais inovadoras da década de 1970.
Exemplo 1 - The Revealing Science of God
Este trecho corresponde à base da voz e é repetido durante a primeira parte da música, ocorrendo por volta de 3’05". Observe que, no primeiro tempo, há uma pequena variação na frase; para os outros trechos, tome como referência a linha do segundo compasso. A escala escolhida para construir esta frase é a pentatônica, e é importante prestar atenção ao uso do slide no segundo tempo. Este trecho exige grande velocidade do músico, uma vez que trabalha com sextinas e fusas, exigindo controle técnico e precisão na execução para manter a fluidez da performance.
Exemplo 2 - The Revealing Science of God
Este trecho se inicia aos 7'02" e corresponde à segunda base da voz. Foi construído utilizando os intervalos de fundamental, quarta e quinta dos respectivos acordes. Para entender melhor a frase, recomenda-se dividi-la a cada 1 tempo e meio, ou seja, ela começa no primeiro tempo e depois se repete a partir do contratempo do segundo tempo. Em várias músicas deste álbum, Chris Squire emprega esse tipo de raciocínio para construir suas linhas de baixo, sendo esses "deslocamentos" de tempo uma das principais características de seu estilo. Tais abordagens criam uma sensação de movimento e complexidade rítmica, algo que se torna uma marca registrada de sua técnica.
Exemplo 3 - The Remembering
Estes acordes correspondem a toda a introdução da música, com o baixista tocando as fundamentais correspondentes. Somente neste trecho, por volta de 2’00”, é que se inicia uma linha com frases no baixo. No primeiro acorde (Dm), Chris Squire utiliza a tríade nas cabeças de cada tempo, mas com uma pequena variação no terceiro tempo deste compasso, quando ele emprega a quarta como uma apogiatura para a quinta do acorde. No segundo compasso, é utilizada a escala Mi menor, que confere uma sonoridade distinta à linha. No terceiro compasso, o baixista repete a ideia do primeiro, substituindo a apogiatura por um slide entre as notas Sol e Lá, o que cria uma transição mais fluida e expressiva. Por fim, no quarto compasso, Squire utiliza a tríade de Mi menor para construir a frase, mantendo a coerência harmônica e adicionando variações rítmicas e melódicas que enriquecem a linha de baixo. Essa abordagem evidencia a habilidade do baixista em manipular acordes e escalas de maneira criativa e expressiva.

Exemplo 4 - The Remembering
Este trecho serve como base para um pequeno solo de steel-guitar, e o baixista construiu suas frases utilizando a fundamental, a quinta e a oitava. A construção da linha de baixo é simples em termos de intervalos, mas a complexidade reside na quantidade de notas que compõem a frase e no deslocamento da primeira nota em relação à cabeça do compasso. Este deslocamento cria uma sensação rítmica peculiar, o que adiciona um desafio técnico ao trecho. O baixista, portanto, não apenas trabalha com intervalos básicos, mas também com variações rítmicas que exigem precisão. Este trecho ocorre por volta de 10'19" e é fundamental para estabelecer a base harmônica e rítmica que suporta o solo da steel-guitar, mantendo a fluidez e a coesão na música.
Exemplo 5 - The Ancient
Este trecho corresponde à introdução do solo de teclado e ocorre por volta de 4’33”. A construção da frase utiliza apenas a fundamental e a oitava acima. A complexidade deste trecho está no fato de que a nota mais grave é acentuada juntamente com o bumbo, mas de forma aleatória, o que exige do baixista uma atenção cuidadosa ao posicionamento dos acentos. No exemplo transcrito, o baixista acentua a nota mais grave no primeiro e no quarto tempos do primeiro compasso, enquanto no segundo compasso o acento recai no segundo tempo. No terceiro compasso, o acento aparece no primeiro tempo, e no quarto compasso, novamente no segundo tempo. Essa variação rítmica exige precisão para garantir que os acentos estejam posicionados corretamente, mantendo a coesão rítmica com a bateria.
Exemplo 6 - The Ancient
Este trecho ocorre por volta de 7’02” e é uma frase executada por todos os instrumentos, utilizando contrapontos. O compasso está em 7/4, e o baixista toca todas as notas de forma staccato, o que adiciona uma percussividade à linha de baixo. A base harmônica é construída com a escala de Ré Maior, e o baixista utiliza a sétima menor (Dó) como uma blue note neste trecho. Esta nota é inserida para completar o cromatismo da frase, criando uma sonoridade mais expressiva e característica do estilo do músico. A utilização do staccato, combinada com a inserção da blue note, dá um caráter único à linha de baixo, que se destaca dentro da complexidade rítmica e contrapontística do trecho.
Exemplo 7 - Ritual
Este trecho corresponde a uma pequena parte da introdução e começa por volta de 2’12”. O baixista construiu a frase utilizando a escala mixolídia de Ré maior, com a nota Lá, que é a quinta do acorde, sendo a mais enfatizada neste trecho. A dificuldade da frase reside na variação rítmica empregada pelo baixista nas repetições, o que exige grande precisão e controle de timing. Quando a música transita para Dó maior, o baixista segue o mesmo conceito harmônico e rítmico para construir a frase, mantendo a consistência no estilo e na abordagem, o que demonstra a habilidade do músico em adaptar suas ideias dentro da progressão harmônica.
Exemplo 8 - Ritual
Este trecho ocorre por volta de 8’28” e se situa entre duas bases de voz. O baixista aproveita este pequeno interlúdio para realizar um solo de contrabaixo, utilizando uma técnica expressiva de slides durante a execução. A estrutura harmônica é baseada em dois acordes por compasso, mas o baixista utiliza apenas o segundo acorde como referência para a construção da frase. A escala pentatônica de cada um desses acordes é a base para a construção das frases, o que confere ao solo uma sonoridade sólida e coesa, ao mesmo tempo que permite uma boa variação melódica. O uso dos slides contribui para a fluidez da execução, demonstrando a habilidade do baixista em explorar a expressividade do instrumento dentro da harmonia proposta.

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Fernando Tavares utiliza cordas Giannini e cabos Datalink.