terça-feira, 28 de março de 2023

Técnicas para Contrabaixo - As técnicas de Les Claypool - Parte 1

 

Olá pessoal!


Nesta semana apresentamos uma matéria feita para a edição número #41 da Revista Bass Player Brasil sobre o baixista Les Claypool.

Essa matéria faz parte de uma coleção de mais de 240 publicações feitas para revistas de contrabaixo e que eu tenho divulgado aqui no site.

Para ver as outras matérias que publiquei, vocês podem acessar o link

http://www.femtavares.com.br/p/midiaimpressa-fernandotavares-sempre.html

Estas aulas são parte de um acervo produzido pelo autor e que estão relacionadas as suas pesquisas sobre contrabaixo, análise e teoria musical.

Para maiores informações entre em contato pelo e-mail: femtavares@gmail.com


LES CLAYPOOL


Ao escutarmos as suas linhas de baixo em diversos projetos como Oysterhead, Electric Apricot, em seu trabalho solo, em contribuições para vários músicos e principalmente na sua carreira como líder da banda Primus, percebemos o quanto este excepcional músico chamado Leslie Edward "Les" Claypool é diferenciado.

Claypool, nascido em Richmond, California, no dia 29 de setembro de 1963, consegue transitar por diversas vertentes musicais imprimindo o seu estilo de tocar sem perder a essência musical que cada uma dessas vertentes possui. Além disso, o baixista consegue explorar as sonoridades de vários modelos diferentes de contrabaixos, como os de 4 ou 6 cordas, Fretted ou Fretless, também o Eletric Upright, entre outros. O músico utiliza uma enormidade de efeitos e esbanja habilidade explorando diversas técnicas do nosso instrumento. Em suma, Les Claypool realmente faz por merecer o adjetivo de músico completo.

Dividi esta matéria em partes que exploram as principais técnicas utilizadas por Claypool, sempre em busca de entender as suas ideias musicais, a sua linguagem e a sua abordagem peculiar sobre cada técnica. A ideia não é estudar a fundo cada uma delas, pois seria preciso uma enorme quantidade de exercícios e o objetivo principal que é compreender a linguagem do baixista se perderia. Estude cada uma das técnicas separadamente respeitando a ordem dos exercícios, no final de cada tópico temos uma lista com músicas que exploram cada técnica, para facilitar a pesquisa utilizei somente músicas da banda Primus.

Estude com calma, assista ao vídeo no youtube e se ocupe com muita dedicação para entender o universo deste genial baixista.


Vídeo no Youtube



TÉCNICAS ELEMENTARES


Pizzicato de dois e três dedos


Les Claypool trabalha alternando dois ou três dedos da mão direita no pizzicato. Ele possui uma abordagem muito particular para a técnica com três dedos, pois geralmente os baixistas que a utilizam, tocam linhas contínuas em semicolcheia ou tercina com os três dedos, mas o baixista utiliza o dedo anelar para auxiliar em frases curtas ou rítmicas um pouco mais complexas.

No exercício 1a trabalhamos com a divisão de semicolcheia para nos acostumarmos com o som. No exercício 1b já temos a ideia com três dedos para a qual Claypool utiliza a variação: a (anelar), m (médio) e i (indicador). Treine esta sequencia até o dedo anelar ficar com a mesma força dos outros dedos. Ao conseguir dominar os dedos da mão direita, podemos seguir para o exercício 1c para o qual eu criei uma rítmica parecida à da música “Southbound Pachyderm”, explorando o terceiro dedo ao utilizar a semicolcheia.

Como o assunto aqui é mão direita, uma outra técnica importante para se desenvolver é o “sweep”, nela o baixista sempre explora no sentido do agudo para o grave (corda mais fina para a mais grossa). Esta técnica consiste basicamente em “subir” de corda com o mesmo dedo utilizado por último na corda anterior. O exemplo 1d é muito bom para desenvolver a técnica.



Músicas para estudar:

The Toys Go Winding Down – do álbum Frizzle Fry (introdução e base de voz)

Southbound Pachyderm – do álbum Tales From The Punchbowl (introdução e base de voz)

Those Damned Blue-Collar Tweekers – do álbum Sailing the Seas of Cheese (solo de contrabaixo)


É isso aí pessoal!

Estudem com calma esta primeira coluna, pois no mês que vem voltamos com mais exercícios sobre a técnica de Les Claypool

Abraços!


Fernando Tavares é pesquisador, professor e contrabaixista. Contribuiu com diversas publicações para revistas especializadas em contrabaixo e hoje é membro do LAMUS (Laboratório de Musicologia da EACH-USP Leste), do CEMUPE (Centro de Musicologia de Penedo) e do LEDEP (Laboratório de Educação e Desenvolvimento Psicológico da EACH-USP Leste).
É Mestre e Doutorando em Musicologia pela ECA-USP e é bolsista da CAPES.
"O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001
"This study was financed in part by the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Finance Code 001"

quinta-feira, 23 de março de 2023

Baixista do Mês - O Estilo de Flea - Parte 2


Olá pessoal!

Nesta semana apresentamos a segunda parte de uma matéria feita para a edição número #4 da Revista Bass Player Brasil sobre o sensacional baixista Flea do Red Hot Chili Peppers.

Para quem quiser conferir, a primeira parte está no link:
 
Essa matéria faz parte de uma coleção de mais de 240 publicações feitas para revistas de contrabaixo e que eu tenho divulgado aqui no site.

Para ver as outras matérias que publiquei, vocês podem acessar o link: 

Estas aulas são parte de um acervo produzido pelo autor e que estão relacionadas as suas pesquisas sobre contrabaixo, análise e teoria musical.

Para maiores informações entre em contato pelo e-mail: femtavares@gmail.com

Californication


Este trecho corresponde a “bass line” principal da música, sendo ela construída sobre dois acordes Am (Im) e F (bVI) e a melodia foi feita utilizando a pentatônica de Lá menor sobre o acorde de Am e a penta maior de Fá para o acorde de F, em outros trechos o baixista explora as notas da escala de cada acorde (escala de Lá menor natural para o acorde de Am e Fá lídio para o acorde de F) criando outras sonoridades para estes acordes.


Higher Ground


Esta música é um cover do cantor Stevie Wonder, e mantém a característica da versão original, só que com um “punch” muito maior do que na versão de Stevie. A “bass line” foi construída utilizando a pentatônica de Mi menor e a técnica de Slap. Nesta música é exigida uma técnica de Slap bem desenvolvida pelo andamento ser bem elevado e também um bom entendimento rítmico, já que a música é feita utilizando tercinas (três notas por tempo), sendo esta levada conhecida como "shuffle".


Monarchy of Roses


Este trecho corresponde ao refrão da música e a linha de baixo é feita com as características do estilo "Dance Music". O baixista utiliza a fundamental na primeira colcheia e duas semicolcheias com a oitava para completar um tempo, esta ideia é repetida nos quatro tempos do compasso e em todos os compassos do refrão, respeitando os respectivos acordes (C, Em, D e Bm).


Factory of Faith


Nesta música o baixista utiliza um abafado e um Slide da nota até o Si bemol no primeiro compasso do exemplo e na levada utilizou a fundamental e a terça menor do acorde de Dm no segundo e no quarto compassos e a fundamental e a quinta no sexto e oitavo compassos do exemplo. Para o terceiro e sétimo compassos ele utilizou a pentatônica de Si bemol com um cromatismo entre a quarta e a quinta do acorde de Bb, no compasso 5 ele utilizou a fundamental e a sétima maior de Bb e fundamental e oitava de C e no último compasso do exemplo o baixista utilizou a fundamental de Bb e a fundamental e quinta de C


The Adventures of Rain Dance Maggie


Nesta música o baixista utiliza a escala de Mi menor natural sobre o acorde de Em com uma passagem cromática para a fundamental do próximo acorde (C). Sobre o acorde de Dó foi utilizada a escala pentatônica de Dó com um cromatismo para a fundamental do acorde de Em. No compasso 3 a passagem cromática é substituída pela terça menor do acorde de Em e no compasso 4 é utilizada a escala maior no sentido descendente para substituir o cromatismo.

Esta é a segunda e última parte da coluna que demonstra as ideias deste grande baixista através de exemplos das suas linhas de baixo. 

Lembrando que esta matéria foi publicada originalmente na edição 4 da revista Bass Player Brasil.

Abraços e até a próxima coluna!

Fernando Tavares é pesquisador, professor e contrabaixista. Contribuiu com diversas publicações para revistas especializadas em contrabaixo e hoje é membro do LAMUS (Laboratório de Musicologia da EACH-USP Leste), do CEMUPE (Centro de Musicologia de Penedo) e do LEDEP (Laboratório de Educação e Desenvolvimento Psicológico da EACH-USP Leste).
É Mestre e Doutorando em Musicologia pela ECA-USP e é bolsista da CAPES.
"O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001
"This study was financed in part by the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Finance Code 001"

segunda-feira, 20 de março de 2023

Novo EP do Apostrophe' - Apostrophe' Duo


 Aeh galera!

Saiu o novo EP do Apostrophe'

Já está disponível em todas as plataformas de streaming.


O EP Apostrophe' Duo é o segundo trabalho do projeto Apostrophe'. 

Desta vez o contrabaixista Fernando Tavares e o guitarrista Lucas Fragiacomo se reuniram para gravar um EP com quatro músicas, sendo três inéditas e uma regravação da faixa Apostrophe' em formato Jazz.

Esse álbum foi composto no primeiro semestre de 2022 e registrado no início de 2023. 

As gravações possuem um clima ao vivo, pois o Duo procurou manter a sonoridade que conseguiu extrair nos ensaios. O álbum foi gravado no Insound estúdio e é o primeiro a sair pela Insound Produtora e contou com a produção de Clayton Souza, mais sobre a produtora no link https://insoundprodutora.com/.

A capa foi criada pelo artista Pedro Terra que utilizou um quadro do artista plástico Gilberto "Giba" Tavares como fonte principal.

O designer e o logo da banda foram produzidos por Rommel Lima.


As faixas são:

1 - Smoking Pipe - Fernando Tavares / Lucas Fragiacomo

2 - Apostrophe - Fernando Tavares / Lucas Fragiacomo

3 - Sons da Mente III - Lucas Fragiacomo

4 - Ventos da Liberdade II - Fernando Tavares / Lucas Fragiacomo


O álbum está em todas as plataformas de streaming.

Alguns Links para escutar o álbum são:

Youtube

https://www.youtube.com/watch?v=8rROJ55NFC0&list=OLAK5uy_nNukBYwAIQcPfijMvWeNaXvAFWUIh8diQ

Spotify

https://open.spotify.com/album/0b1dKsSAhvrP6YoetxXXdV?si=Tqj_N4iuRJ62Kbupse_jVg

Deezer

https://deezer.page.link/NiiSzyV6Qp6pZZLcA

quinta-feira, 2 de março de 2023

Transcrição do Mês - Allan Holdsworth – Letters of Marque

 

Olá pessoal!

Nesta semana temos a transcrição com texto da música "Letters of Marque" de Allan Holdsworth que saiu no álbum I.O.U. de 1985 e conta com o baixista Paul Carmichael.

Durante anos eu escrevi para publicações relacionadas ao contrabaixo. E atualmente trabalho como pesquisador e professor e divulgo as minhas pesquisas nesta área.

Essa música faz parte da minha coleção de transcrições e análises de baixistas de diversos estilos. Ela foi publicada na edição #32 da revista Bass Player Brasil em maio de 2014.


Transcrição e Texto: Allan Holdsworth – Letters of Marque

Álbum I.O.U. - 1985
Baixista: Paul Carmichael
Transcrição e Texto: Fernando Tavares

Conhecido no meio do Fusion como um dos maiores expoentes do estilo, Allan Holdsworth é dono de uma concepção musical única, explorando elementos harmônicos como empilhamentos alternativos, simetrias, além de um fraseado que lembra muito o de grandes mestres do Jazz como John Coltrane e Cannonball Adderley. 

Allan sempre foi um músico exigente, tanto com ele quanto com os outros músicos que tocavam em sua banda, e por isso compreendemos o motivo de vários baixistas excepcionais como Jeff Berlin, Jimmy Johnson entre outros terem participado de seu trabalho. 

Nesta coluna apresentamos a música Letters of Marque que está presente no álbum I.O.U. de 1985 e conta com o excepcional baixista Paul Carmichael nos graves. 

Como em quase todas as músicas de Holdsworth, esta não possui um centro tonal. Na parte “A” a fórmula de compasso varia praticamente a cada compasso sendo muito difícil a contagem de tempo - aconselho ao estudante decorar o tema - eu particularmente não conto, pois prefiro cantar a melodia da música. 

Nas primeiras ideias o baixista toca a fundamental dos acordes executando alguns slides, perceba ainda que o baixista não acentua todas as frases dos acordes, deixando alguns espaços para a melodia. A parte “A” ocorre com algumas variações mas sempre utilizando a mesma concepção entre os compassos 1 e 11, 20 e 25, 26 e 32, 215 e 226 e no final a partir do 227.

A parte B (compassos 12 ao 19, 32 ao 35 e 207 ao 214) é construída em cima de uma sequência de acordes de Edim com variações nas tensões, esta é mais uma ideia muito explorada por Holdworth em suas músicas, sendo que ele mantém a fundamental e harmoniza as “pontas” dos acordes com tensões pouco usuais. Carmichael constrói as frases utilizando as notas da tétrade de Em7, as quintas funcionam como passagem em todas as partes, ele praticamente não utiliza quintas como nota de apoio neste trecho, por isso trabalha com uma tétrade menor ao invés da tétrade diminuta que seria a mais indicada.
A parte de solos da música se inicia no compasso 36 e mais uma vez não existe tonalidade definida, o solo é dividido em duas partes, vamos chamá-las de partes “C” e “D”, sendo que a forma do chorus é o “C” duas vezes e depois o “D”. Para aqueles que não estão habituados ao termo, um chorus no Jazz/Fusion equivale a uma sequência de acordes sobre os quais os músicos improvisam. 

O primeiro a solar é Paul Carmichael, que improvisa sobre um “chorus”. Nele, o baixista explora as notas dos arpejos na maioria dos compassos em uma linguagem bem “jazzística”, obviamente, ele não explora só as notas do acorde, em alguns casos o baixista explora as Pentatônicas dos respectivos acordes (exemplo nos compassos 44 ao 46). Além desta ideia, temos também a utilização de escalas como a que ocorre nos compassos 58 e 59, na qual o baixista explora a escala de E Mixolídio com uma “blue note” na segunda aumentada (neste exemplo preferi utilizar a nota enarmônica G para não gerar confusão para quem estiver lendo a partitura).

A partir do compasso 77 quem improvisa é Allan Holdsworth e o baixista cria uma linha de contrabaixo fantástica que dá muita sustentação ao solo, perceba que não há mais nenhum instrumento fazendo a base para o guitarrista improvisar, somente o baixo dando toda a sustentação harmônica necessária. Esta ideia de linha de baixo é muito interessante para quem toca em trios sem nenhum outro instrumento para complementar a harmonia, além do baixo.

A frase para a parte “C” é apresentada no primeiro compasso do trecho e o baixista explora a Fundamental, a Quinta e a Fundamental novamente uma oitava acima para construir as frases, isto vale para basicamente todos os acordes do trecho. O interessante a se observar neste trecho, são as variações utilizadas pelo baixista como as que ocorrem nos compassos 78, 85 e 91. 

Na parte “D” do trecho o baixista utiliza a mesma ideia só que a harmonia fica estática sobre um acorde de Em. O solo de guitarra é feito sobre dois chorus.

No compasso 159 tem início o solo de bateria e o sinal apresentado indica que o baixo respeita uma pausa de 48 compassos. 

Esta música representa muito do virtuosismo que construiu a fama do estilo Fusion por todo o mundo e ela explora os conceitos mais importante de rítmica, técnica e harmonia que o estilo precisa para ser estudado. Dedique um bom tempo escutando o tema e decorando as frases, eu toco muitas músicas que mudam a fórmula de compasso constantemente e creio que o mais fácil é gravar as melodias, em vez de contar o tempo. Se você sempre contar, ficará muito bom o trecho, mas, particularmente eu acho que o elemento musical, a sonoridade e a pegada acabam se perdendo, por isso a ideia de decorar a melodia é melhor, é muito mais musical e divertido.

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Esse conteúdo faz parte de um acervo produzido pelo autor e que estão relacionadas as suas pesquisas sobre contrabaixo, análise e teoria musical.

Para maiores informações entre em contato pelo e-mail: femtavares@gmail.com

Bons estudos e até a próxima coluna!

Fernando Tavares é pesquisador, professor e contrabaixista. Contribuiu com diversas publicações para revistas especializadas em contrabaixo e hoje é membro do LAMUS (Laboratório de Musicologia da EACH-USP Leste), do CEMUPE (Centro de Musicologia de Penedo) e do LEDEP (Laboratório de Educação e Desenvolvimento Psicológico da EACH-USP Leste).
É Mestre e Doutorando em Musicologia pela ECA-USP e é bolsista da CAPES.
"O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001
"This study was financed in part by the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Finance Code 001"