Aqui neste link tem a apresentação para o congresso da TEMA (Associação de Teoria e Análise Musical).
O trabalho apresentado foi Partimentos com graus conjuntos: uma perspectiva para a análise e realização de esquemas de contraponto e harmonia por Fernando Tavares, Gustavo Caum e Silva e Diósnio Machado Neto.
Neste vídeo apresentamos alguns modelos de análise baseados nos partimentos.
O site da associação está neste link https://tema.mus.br/novo/index.html
Nesta semana temos a transcrição da linha de baixo da música "Another One Bites The Dust" da banda Queen, com o sensacional baixista John Deacon, disponível para os alunos do meu curso de contrabaixo presencial e on-line.
Esta transcrição faz parte de um acervo com mais de 1000 linhas de baixo disponíveis como material de apoio para as minhas aulas de contrabaixo presencial e on-line.
Para maiores informações sobre o curso entre em contato pelo e-mail: femtavares@gmail.com
Estamos de volta com mais uma coluna Artigos e Resenhas aqui no nosso site. Dessa vez o sensacional Luiz Domingues nos fala sobre o álbum solo do guitarrista Bruno Moscatiello, conceitual, bem no estilo do Rock Progressivo e com embalagem luxuosa: "Rio de Lágrimas".
A matéria original pode ser encontrada neste link.
Sou músico e escrevo matérias para diversos Blogs. Aqui neste Blog particular, reúno minha produção geral e divulgo minhas atividades musicais. Como músico, iniciei minha carreira em 1976, tendo tocado em diversas bandas. Atualmente, estou atuando com Os Kurandeiros.
Sem mais, vamos ao texto do Luiz:
CD Brazilian Progressive Rock Soundtrack Volume 1 - Rio de Lágrimas / Bruno Moscatiello - Por Luiz Domingues
Eis aqui um exemplo impressionante de uma obra que se fosse apreciada de uma maneira isolada, já seria por si só, excepcional, no entanto, este trabalho faz parte de um conglomerado portentoso, e não apenas expresso pelo seu aspecto musical, ou seja, dessa forma mostra uma substância cultural multifacetada e muito rica.
Para explicar do que trata-se exatamente esse álbum, é preciso destacar que toda a inspiração musical nele advinda, vem de encontro com o pensamento filosófico de Renato Shimmi, um pesquisador muito sério no meio acadêmico, daí a sua sólida proposta em termos de mote. Não obstante tal estrutura intelectual fortíssima, há também o aparato ilustrativo, assinado por dois desenhistas incríveis, mestres na arte dos quadrinhos, Zé Otávio e Glaucus Noia.
Na parte musical, uma parte é preenchida pelo trabalho do excepcional guitarrista, Bruno Moscatiello, cercado por músicos convidados (todos do mais alto calibre, entre eles, alguns históricos dentro da cena do Rock Brasileiro), e a sua conclusão dá-se com a intervenção do grupo Kaoll, um grande nome do cenário moderno do Rock Progressivo, e grupo esse em que Bruno Moscatiello, também é integrante.
Cabe explicar também, que das onze faixas que constam neste álbum coletânea, seis são oriundas do álbum : “Sob os Olhos de Eva”, do grupo Kaoll, daí a ideia do elo que complementa o conceito em torno da obra como um todo.
Como o CD do Kaoll já foi devidamente resenhado em meu Blog, deixo abaixo o link para que o leitor tome conhecimento do que foi analisado dessa obra em separado do contexto maior, e assim, posteriormente eu avanço para repercutir a parte inicial da coletânea, com a obra: “Rio das Lágrimas”, assinada por Bruno Moscatiello e a contar com a presença de diversos convidados, muito especiais.
Eis o Link para acessar a resenha sobre o CD: “Sob Os Olhos de Eva”, do Kaoll:
Sobre as canções que compõem a parte da obra denominada, “Rio das Lágrimas”, trata-se de um conjunto formado por cinco temas instrumentais, a observar uma excelência musical inquestionável e nesse caso, não é uma surpresa, por motivos óbvios, ao considerar-se os músicos aqui reunidos para cumprir tal missão.
O elo com a obra posterior, assumida pelo grupo Kaoll, é total em termos de linearidade musical, embora haja uma sutil linha divisória a delinear cada trabalho. E isso ocorre não apenas por uma questão de coerência, se analisada pelo aspecto musical tão somente, mas certamente a seguir o libreto proposto pelo ensaio filosófico escrito por Renato Shimmi e devidamente embasado, visualmente, neste caso em específico, pela arte em quadrinhos assinada por Glaucus Noia.
A história trata da representação simbólica em torno de uma fábula muito bem embasada, a repercutir sutilmente um assunto vital, mas que não é necessariamente absorvido pela grande massa dentro da sociedade. Ou seja, a questão estrutural em torno da geopolítica que dita as normas no mundo, a usar de força desmedida, geralmente, para atingir os seus objetivos. Nesses termos, o belíssimo livro a apresentar o acompanhamento dessa fábula em quadrinhos, reforça e muito a força do texto.
Portanto, ao lançar a ideia em contar com a palavra, o som e a ilustração, em união para provocar deliberadamente a percepção sensorial do público, mostra-se perfeita, como estratégia. Dessa maneira, quando a própria editora usa como slogan publicitário, a frase de efeito a subverter a ordem natural dos sentidos: “ouvir o texto, ver a música e ler as ilustrações”, creio que revela-se muito feliz em exprimir a proposta deste projeto.
Ouça abaixo, um resumo sobre as faixas da parte "Rio de Lágrimas":
https://www.youtube.com/watch?v=WpT7qmS5Nu4
Sobre a parte musical de “Rio das Lágrimas”, cabe uma reflexão sobre as faixas:
“O Acordo”
Mostra-se impressionante o som do órgão de igreja, algo que há tempos eu não escutava em trabalhos modernos dentro do Rock brasileiro, nem mesmo em termos progressivos. Tal grandiloquência a evocar o conceito sinfônico, ornou muito bem, portanto. Assim como o uso de instrumentos de percussão, geralmente usados na música erudita e que foram bem utilizados por bandas clássicas do Rock Progressivo setentista, como os tímpanos e o tubullar bells. Em alguns momentos, a música assumiu um caráter cinematográfico, eu diria, pois abriu um campo auditivo capaz de propor imagens e assim reforçar certamente o conceito expresso pela obra em ser uma mistura sensorial entre as palavras, ilustrações e notas musicais.
“Batalha dos Minotauros”
A ideia de trazer um tipo de fraseado que lembrou um pouco as tradições da música Folk mexicana, pareceu-me interessante, mesmo que não haja na ficha técnica, anotada a participação de algum trompetista para tal execução, o que seria o usual em tal tipo de citação. O solo lento da guitarra, na perfeita exploração de notas longas, ficou muito bonito. Gostei muito da linha rítmica estabelecida pelo baixo e bateria.
“Rio de Lágrimas”
Mais uma intervenção de uma guitarra a explorar as notas longas, ou como costumamos chamar, no jargão musical, como “solo chorado”. Achei muito bonita a linha do baixo e a percussão muito criativa. A observação de diversas pontes entre as partes, dignificou as tradições do Rock Progressivo e enriqueceu o arranjo, obviamente. A presença de um belo solo de violão, dividido com outro ao sintetizador, mostra mais do que a destreza da parte dos instrumentistas, mas também revela uma beleza ímpar. Há também inserções em torno da polimelodia, e mais dois solos muitos bons ao final do tema, desta feita da parte de uma guitarra e igualmente do sintetizador.
“Morte do Sonho”
Gostei bastante da base harmônica estabelecida pelos teclados, com um teor lúgubre, tenso, no entanto, pleno em beleza. A presença de um belo solo lento à guitarra e também de um arranjo a privilegiar o violão, que engrandeceu a música.
“O Último Ato”
Mais uma vez é destacada a digitação ao violão. Gostei muito (mais uma vez) da linha de baixo e bateria e do peso estabelecido pelos teclados. Uma rápida passagem pelo piano, ficou muito bonita a destacar um belo timbre.
Em uma outra determinada parte, a música adquiriu um caráter sinfônico, a mesclar-se com um violão muito balançado, a propor uma parte dançante, até, por incrível que pareça. Há mais um belo solo de guitarra a acontecer, com a bateria e o baixo e pontuar uma linha com muito “groove”. E encerra-se com uma boa convenção, toda tercinada em sua divisão rítmica.
Sobre a capa do CD coletânea, “Brazilian Progressive Rock Soundtrack Volume 1”, há uma mixagem das imagens do livro de história em quadrinhos que acompanha o disco, com as imagens propostas no CD “Sob os Olhos de Eva”, do Kaoll, que também faz parte do pacote completo.
No caso da parte assinada por Bruno Moscatiello e de seus convidados, denominada como: “Rio das Lágrimas”, o trabalho do desenhista, Glaucus Noia é magnífico. A arte final foi creditada ao coletivo cultural, Sopa Art Br.
Uma boa ficha técnica é disponibilizada através de um caprichado encarte, com o texto em inglês, naturalmente idealizado como uma estratégia a buscar-se o reconhecimento internacional desta obra.
Para encerrar, recapitulo ao leitor que este CD é conceitual em torno do ensaio filosófico concebido pelo filósofo, Renato Shimmi.
A parte inicial da obra musical, em torno das cinco primeiras faixas, chamada como: “Rio de Lágrimas”, é um esforço criativo do guitarrista, Bruno Moscatiello, na companhia de muitos músicos convidados. Da sexta à décima primeira faixa, assume a batuta do disco, o grupo “Kaoll”, a expressar a obra: “Sob os Olhos de Eva”.
No cômputo geral, em termos de texto, trata-se na verdade de um único conceito, dividido em duas partes e escrito por Shimmi.
Na parte gráfica, o primeiro livro apresenta ilustrações de Zé Otávio e no segundo, são da autoria de Glaucus Noia. É notória a diferença de estilos entre tais artistas e ambos são excepcionais. Aliás, digno de nota, o luxo do acabamento gráfico, impressiona.
Está de parabéns a editora Red Clown, em conjunto com o coletivo Sopa Art Br e da gravadora Masque, pois no cômputo geral, todos os produtos são apresentados com um alto teor de qualidade, mediante a observação de um material de primeira categoria, com nível internacional.
E sobre a proposta filosófica expressa pelo pensador, Renato Shimmi, esta fábula mostra-se muito rica. Se o leitor & ouvinte prestar atenção, ele haverá por identificar muito claramente o que é dominação mediante a estratégia do domínio dos recursos energéticos vitais. Em termos físicos, seria a tática do estrangulamento, que impossibilita a reação e por conseguinte, estabelece quem domina e quem será sempre dominado. Portanto, transposto diretamente à realidade que norteia-nos, exprime o que está em jogo na acirrada disputa geopolítica exercida em nosso mundo.
Foi gravado no estúdio, Brainless Brothers Studio, em São Paulo.
Masterização no estúdio Sabatt Studio
Técnico de som (captura e mixagem): Fabio Ribeiro
Masterização: Saulo Battesini
Texto: Renato Shimmi
Ilustrações: Glaucus Noia
Arte Final: Sopa Art
Livro HQ editado pela Red Clown
Gravadora Masque Records
Músicos:
Bruno Moscatiello: Guitarra; violão e teclados
Kleber Vogel: Violino
Saulo Battesini: Teclados
Claudio Dantas: Percussão
Eduardo Aguilar: Baixo
Edu Varallo: Percussão
Nana Mathias: Violino
Erico Jones: Baixo
Fred Barley: Bateria
Fabio Ribeiro: Teclados
Willy Verdaguer : Baixo
Tainan Cristina: Cello
Para saber mais sobre o livro HQ/comics que acompanha este CD (assim como o livro que acompanha a parte da obra creditada ao Kaoll, “Sob os Olhos de Eva - Revoluções”, com mais ênfase ao texto do pensador, Renato Shimmi, e a conter ilustrações de Zé Otávio), acesse o site da editora Rede Clown:
Nesta semana temos no site uma coluna com a análise das linhas de baixo de Chris Squire no álbum Tales from Topographic Oceans. Nela demonstramos diversos exemplos de linhas criadas pelo baixista e nas quais analisamos a parte harmônica, melódica e rítmica do estilo do músico.
Este material faz parte de um acervo disponível como material de apoio para as minhas aulas de contrabaixo presencial e on-line.
Para maiores informações sobre o curso entre em contato pelo e-mail: femtavares@gmail.com
Tales from Topographic Oceans - Yes
Exemplo 1 - The Revealing Science of God
Este trecho corresponde a base da voz e é repetido durante a primeira parte da música. E ocorre por volta de 3’05". Reparem que no primeiro tempo existe uma pequena variação da frase, tirem como base para os outros trechos a linha do segundo compasso. A escala escolhida para construir esta frase é a pentatônica, atente para o slide no segundo tempo. Este trecho requer muita velocidade do músico, pois, trabalha com sextinas e fusas.
Exemplo 2 - The Revealing Science of God
Este trecho se inicia aos 7’02” e corresponde a segunda base de voz. Ele foi construído com os intervalos de fundamental, quarta e quinta dos respectivos acordes. Para entender melhor a frase, divida-a a cada 1 tempo e meio, ou seja, ela começa no primeiro tempo e depois se repete a partir do contratempo do segundo tempo. Em várias músicas deste álbum, Chris Squire utiliza este tipo de pensamento para construir algumas linhas de baixo, sendo que estes “deslocamentos” de tempo é uma de suas principais características.
Exemplo 3 - The Remembering
Estes acordes correspondem a toda a introdução da música. O baixista toca as fundamentais correspondentes e somente neste trecho (2’00”) inicia-se uma linha com frases no Baixo. Sobre o primeiro acorde (Dm) Chris Squire utiliza a tríade na cabeça de cada tempo, mas com uma pequena variação no terceiro tempo deste compasso, quando ele utiliza a quarta como uma apogiatura para a quinta do acorde. No segundo compasso é utilizada a escala Mi menor. No terceiro compasso o baixista repete a ideia do primeiro compasso, com a substituição da apogiatura por um slide entre as notas (Sol e Lá). Por fim, no quarto compasso é usada a tríade de Mi menor para construir a frase.
Exemplo 4 - The Remembering
Este trecho é a base para um pequeno solo de steel-guitar. O baixista utilizou a fundamental, a quinta e a oitava para construir as frases deste trecho. A dificuldade aqui se refere a quantidade de notas da frase e a primeira nota que é deslocada da cabeça do compasso. Este trecho ocorre por volta de 10’19".
Exemplo 5 - The Ancient
Este trecho corresponde a introdução do solo de teclado e ocorre por volta de 4’33”. Somente a fundamental e a oitava acima são usadas para construir a frase. A dificuldade deste trecho é que a nota mais grave sempre é acentuada com o bumbo e ela é feita aleatoriamente. No exemplo que transcrevemos, o baixista acentuou no primeiro e no quarto tempos do primeiro compasso e no segundo compasso acentuou no segundo tempo. No terceiro compasso o acento aparece no primeiro tempo, e no quarto compasso volta a ser acentuado no segundo tempo.
Exemplo 6 - The Ancient
Este trecho ocorre por volta de 7’02” e é uma frase feita por todos os instrumentos utilizando contrapontos. O compasso está em 7/4 e o baixista toca todas as notas em stacato. Além disso, ele utiliza a escala de Ré Maior como base e também uma sétima menor (Dó) como blue note neste trecho. Esta nota aparece para completar o cromatismo.
Exemplo 7 - Ritual
Este trecho corresponde a uma pequena parte da introdução e inicia-se por volta de 2’12”. O baixista criou a frase em cima da escala mixolídio de Ré maior e a nota mais enfatizada neste trecho é a nota Lá que corresponde ao intervalo de quinta do acorde. A dificuldade desta frase está na variação rítmica utilizada pelo baixista nas repetições. Quando a música vai para Dó maior, o baixista segue o mesmo conceito para construir a frase.
Exemplo 8 - Ritual
Este trecho ocorre por volta de 8’28” e está entre duas bases de voz. O baixista aproveita este pequeno interlúdio para fazer um solo de Contrabaixo, utilizando muitos slides na execução. São dois acordes por compasso, mas foi utilizado somente o segundo acorde como referência para a construção da frase. A pentatônica de cada um destes acordes é a escala utilizada para construir as frases.