segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Divulgação - Aula de técnica para mão direita

 Olá Pessoal!


Em anos anteriores eu lancei alguns mini-cursos aqui no site.

Irei postar alguns deles aqui para vocês.


Nesta semana temos a primeira aula de técnica para mão direita.

Abaixo temos o vídeo:

https://youtu.be/getq_WOZz60


No link abaixo temos o texto da aula:

http://www.femtavares.com.br/2018/01/tecnicas-para-contrabaixo-mao-direita.html


Estas aulas são parte de um acervo produzido pelo autor e que estão relacionadas as suas pesquisas sobre contrabaixo, análise e teoria musical.


Para maiores informações entre em contato pelo e-mail: femtavares@gmail.com


Bons estudos e até a próxima coluna!


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quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Transcrição do Mês - Albert King - Born Under A Bad Sign


Olá pessoal!

Nesta semana temos  a transcrição e texto da música "Born Under a Bad Sign" do guitarrista Albert King e que conta com o lendário Donald "Duck" Dunn no contrabaixo.

Durante anos eu escrevi para publicações relacionadas ao contrabaixo. E atualmente trabalho como pesquisador e professor e divulgo as minhas pesquisas nesta área

Essa música faz parte da minha coleção de transcrições e análises de baixistas de diversos estilos. Ela foi publicada na edição 80 de Maio de 2009 da revista Coverbaixo.

Texto e Transcrição

A música "Born Under a Bad Sign" foi lançada primeiro como single em 1967 e posteriormente fez parte do primeiro álbum de Albert King para a Stax, que recebeu o nome da música.

Dentro da tradição do Blues, essa canção foi construída com acordes característicos do estilo. Perceba que as variações harmônicas são feitas com três acordes C#7 (I), e no refrão utiliza uma passagem que se assemelha a terceira parte de uma forma Blues de 12 compassos: G#7 (V7), F#7 (IV7) e resolve no C#7 (I).
 
Esta música está na tonalidade de C# e conta com algumas características de Blues como a utilização da escala Pentatônica menor de C# na construção da levada. Vale ressaltar que estamos propondo um Blues com um centro tonal, mas compreendemos que alguns músicos entendem o Blues como modal, mas pensaremos em termos tonais para facilitar a compreensão dos estudantes que não tiveram um letramento completo nos modelos harmônicos.

O groove principal da música é apresentado logo na introdução e no decorrer da canção ele sofre algumas pequenas variações. 
A música está dividida em duas partes, sendo: (1) a base de voz (compassos 4 a 8, 12 a 19, 34 a 41). Atente ao fato de que as bases do solo e o final da música trabalham com a mesma ideia de fraseado. Outro ponto que requer atenção se deve a entrar no tempo fraco do segundo tempo. No final deste trecho é utilizada uma aproximação cromática para chegar na fundamental de G# que é o acorde que abre o refrão da música.
No refrão da música são tocadas as fundamentais de cada acorde com cromatismos para passar de um acorde para outro.

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Estude as duas partes desta música e veja como o baixista utiliza um padrão de desenho muito comum para a Pentatônica.

Abraços e até a próxima coluna!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

MKK BASS SESSIONS - Programa 14 - Fretless

Olá pessoal!

Eu produzo e apresento um programa totalmente voltado ao contrabaixo na MKK Web Radio (https://mkkwebradio.com.br/) às terças 22:00. O programa já teve mais de 70 edições e assim, decidi apresentar aos ouvintes os programas anteriores para os quais fiz alguma pesquisa.

Vocês podem ouvir todos os programas no spotify ou no mix cloud, os links estão abaixo:


https://www.mixcloud.com/discover/


Programa 14 - Fretless


No programa 14 tivemos um especial sobre o contrabaixo Fretless e segue abaixo a pauta e o roteiro do programa.


Música 1 - Jaco Pastorius - Continuum

Para quem não sabe os primeiros experimentos com baixo fretless foram feitos pelo baixista Bill Wyman dos Rolling Stones no início dos anos 60 e o primeiro contrabaixo fretless a ser produzido comercialmente foi o AUB-1, da Ampeg, em 1966. Nomes como Ralphe Armstrong da Mahavishnu Orchestra e Jack Bruce começaram a popularizar o instrumento na década de 70. Mas a grande virada veio no ano de 1976 com o lançamento do primeiro álbum do sensacional Jaco Pastorius.

Para lembrar, o álbum é o primeiro de Jaco e leva o seu nome Jaco Pastorius de 1976. 


Música 2 - Claudio Bertrami - Cheiro Verde
Aqui no Brasil, um dos pioneiros no uso do fretless foi Claudio Bertrami, com o disco LeGal (1970), de Gal Costa. Nos anos 80 ele formou um super grupo chamado Medusa, que tinha na formação além de Bertrami o pianista Amilson Godoy, o baterista Chico Medori e o guitarrista Heraldo do Monte, seguido depois por Olmir Stocker 'Alemão', além de Théo da Cuíca - Percussão.

A música que vamos escutar é Cheiro Verde do segundo álbum do grupo chamado ferrovias e lançado em 1983. Bertrami utilizou um modelo fretless piccolo, um baixo especial feito com um corpo de guitarra e que ele usou para fazer o solo desta música.

Claudio Bertrami é um dos nomes mais importantes do baixo no Brasil, tocou com Nelson Ayres e César Camargo Mariano e João Gilberto. Gravou com inúmeros artistas brasileiros e estrangeiros, entre eles Gal Costa, Sarah Vaughan, Edu Lobo, Toquinho, Lady Zu e Johnny Alf. Além disso foi um importante músico e difusor da música instrumental no Brasil.

Bertrami faleceu em março de 2002 e deixou um imenso legado para o contrabaixo no Brasil


Música 3 - Michael Manring - The Enormous Room

Agora vamos escutar um dos baixistas mais inquietos do mundo. 

Michael Manring é famoso por diversos motivos no mundo do contrabaixo. Podemos elencar aqui o fato de tocar com quatro baixos ao mesmo tempo e com afinações diferentes como na música My Three Moons. Vocês podem conferir uma apresentação desta música no Bass Day de 1998.


Além do mais Manring utiliza uma quantidade enorme de efeitos e cria diversas linhas bem interessantes nos seus álbuns.

Para este especial separamos uma música que ele construiu com o auxílio do seu baixo Zon, que conta com tarrachas e um mecanismo na ponte do baixo que alteram a afinação do instrumento. O que vocês escutarão nesta música é feita na maior parte do tempo com cordas soltas.

Vamos lá, The enormous room do álbum thonk de 1994. 


Manring é um excelente compositor. 

Para quem não sabe ele foi aluno do JAco Pastorius, mas trilhou seu próprio caminho e diferentemente do seu mestre, utiliza diversas técnicas como two-hands, slap, entre outras, além de dominar o fretless e utilizar os harmônicos como o seu mentor.

O músico é dono de uma das maiores obras para o contrabaixo, pois levou o instrumento ao extremo de suas opções sonoras.


Música 4 - Pino Palladino - Everytime you go

Agora vamos falar do Pino Palladino que é um dos maiores baixistas que empunham o fretless. 

Um importante músico de apoio nos anos 80, Pino obteve grande destaque com o álbum I, Assassin,de Gary Numan. Também tocou com Paul Young, Go West, John Mayer Trio, The Who, Jeff Beck, entre outros.

Ele empunhou Music Man StingRay fretless de 1979. 

Então, vamos escutar a música Everytime you Go Away do Paul Young, lançada em 1985.

Prestem atenção nesta super linha de baixo.

Uma outra música com uma linha monstruosa de fretless que conta com a mesma dupla é Wherever I Lay My Hat. E já que estamos falando dos anos 80.

Outras músicas que contam com linhas memoráveis de fretless são Lady in Red do Chris de Burgh, As the World falls down do David Bowie com Will Lee no baixo e King of Pain do Police. 


Música 5 - Yuri Poppof - Vida e Música 

Agora vamos falar de um baixista brasileiro de Montes Claros. 

Yuri Poppof é um daqueles músicos que deveriam obrigatoriamente ser estudados nos cursos de contrabaixo. Ele domina o contrabaixo e a sua linguagem como poucos. Preste atenção a como ele faz cada nota soar em seu instrumento, parece que todas as notas que ele toca tem uma vida própria.

Tocou em algumas Orquestras nos anos 70 e começou a utilizar o fretless no final desta década.

Segundo o Benjamin "BJ" Bentes, em 1982, Popoff foi o primeiro a gravar uma música com solo de fretless. O registro está no disco Instrumental, de Mara do Nascimento. 

Além do mais ele trabalhou com grandes nomes da música brasileira como Beto Guedes, Toninho Horta, Cássia Eller e Tavinho Moura.

Na matéria da Bass Player, BJ escreve que ele possui dois baixos Pedulla fretless, um de 5 cordas e um de 8 cordas (em pares oitavadas, como num violão de 12 cordas), além de um modelo Yamaha e um baixolão e um japonês Tokai, todos fretless.

Para este especial escolhemos a canção Vida e música  do álbum de Paris a Minas de 2019. Esta música foi indicada pelo próprio Yuri.

A formação desta música é Yuri Popoff: BAIXO FRETLESS, Manuel Rocheman: PIANO, Olivier Ker Ourio: HARMÔNICA, Christophe Bras: BATERIA.

O álbum de Paris a Minas foi gravado no Sextan Studio em Paris  França entre os dias 11 a 13 de junho, 2017)

Ele contou com a colaboração de renomados músicos do cenário contemporâneo do jazz europeu. 

O álbum traz temas inéditos, além da sua mais conhecida criação, "Era só começo o nosso fim".

As informações foram gentilmente fornecida pela Berenice Chaves.


Música 6 - João Baptista - Clube da Esquina 2

Agora vamos escutar uma música do Milton Nascimento que conta com o baixista João Baptista no fretless.

A música é a belíssima Clube da Esquina 2 e foi gravada com um fretless de 5 cordas.

Ela está no álbum Angelus do cantor e que contou com a participação de diversos músicos como Pat Metheny, Jon Anderson do Yes, Wayne Shorter, James Taylor e que além de João, contou com a lenda do contrabaixo acústico Ron Carter.

Se vcs quiserem conferir o desempenho de Carter, Metheny e Shorter, escutem a música Vera Cruz.

Vamos lá escutar a linda música do Milton em parceria com os irmãos Borges, Lô e Marcio, Clube da Esquina 2 do álbum Angelus de 1993.


Música 7 - Brenda Martin - Sin lá red

Como sempre, abrimos espaço aqui no nosso programa para os Baixistas latino americanos e desta vez o destaque vai para a sensacional Brenda Martin.

Brenda é uma baixista Argentina que tem um trabalho muito legal com a banda Eruca Sativa. Se vocês derem uma olhada no trabalho da banda perceberam que a baixista toca diversos modelos de contrabaixo.

Para este especial escolhemos a música "Sin lá red" que ela faz com um Fretless e no meio da canção tem um belo solo com o instrumento.

A Brenda é formada como bacharel em Música na Escuela Superior de Música Popular La Colmena (Córdoba, Argentina).

Ela virou professora na escola depois e em outras academias como a Academia Musical Sol e Academia Yamaha, paralelamente com alunos particulares.

A banda Eruca Sativa foi formada na Argentina em 2007. Os seus integrantes são Lula Bertoldi (guitarra e voz), Brenda Martin (baixo e voz) e Gabriel Pedernera (bateria e voz).


Música 8 - Stevie Di Giorgio - Laje

Agora vamos escutar o Fretless em um trash metal.

Isso nesmo! Um dos maiores nomes do contrabaixo no estilo é Stevie Di Giorgio e ele utiliza um baixo Fretless para gravar a maioria das suas músicas.

Para este especial separamos uma música da banda Death chamada Laje.

Procurem no YouTube, tem vários vídeos deste baixista tocando música com este tipo de baixo.


Por falar em som pesado, uma música bem famosa com Fretless no estilo é Until it Sleeps do Metallica com Jason Newsted no baixo.


Música 9 - Stevie Bailey - Stan the Man

Stevie Bailey é um dos grandes nomes do contrabaixo.

Ele utiliza um Fretless de 6 cordas e vocês podem conferir as suas performances neste trabalho interessante ao lado de Victor Wooten.


Eles montaram um projeto chamado Bass extremes que foi muito importante para o contrabaixo na década de 90. O projeto envolveu uma vídeo-aula, um livro com as linhas e as lições que era acompanhado de um CD. Em todo o show, Steve empunhou o seu Fretless. Posteriormente eles lançaram músicas novas com a participação de outros músicos.

Para este especial separamos uma música que eu gosto muito e que foi feita em homanegem ao Stanley Clarke. O nome da música é Stan the Man e prestem atenção nos acordes que são executados com os harmônicos artificiais.

Para quem não sabe, está técnica consiste em tocar com um dedo da mão direita e um outro dedo da mesma mão executa um harmônico, na maior parte das vezes, uma oitava acima, mas como percebermos, Steve faz vários intervalos diferentes. O baixista geralmente utiliza o indicador para gerar o harmônico e só para registrar, Jacó fazia os harmônicos artificiais com o polegar.

O baterista do trio é Greg Bissonette.

Neste trabalho tem uma música solo do Steve chamada Moonridge

Espero que escutem o programa.

Lembrando que o programa inédito sempre vai ao ar nas terças às 22:00

Abraços e até a próxima!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Teoria e Análise - Introdução aos materiais de estudo


Olá pessoal!

Iniciamos nesta semana uma coluna sobre teoria e análise. A ideia principal desta coluna será demonstrar na prática algumas ideias sobre modelos analíticos que envolvem os diversos estilos musicais.

Pretendemos de uma forma geral abordar o uso de esquemas harmônicos, melódicos e rítmicos que nos fornecerão todo o cabedal teórico necessário para prover uma análise mais coerente com o pensamento musical de cada compositor e período.


Assim, teremos como base a análise do período conhecido como prática comum e que terão como referências principais o livro de Steven Geoffrey Laitz, "The complete musician: an integrated approach to tonal theory, analysis, and listening" de 2012 e de Stefan Kostka e Dorothy Payne, "Tonal Harmony" de 1999.

Steven Geoffrey Laitz, "The complete musician: an integrated approach to tonal theory, analysis, and listening" de 2012

Ambos os livros, tratam detalhadamente de todos os aspectos musicais e auxiliam no entendimento que pretendemos trasmitir para os estudantes de música. Vinculamos os três tópicos citados - harmonia, melodia e ritmo - pois, acreditamos que uma análise precisa levar em consideração todos os eventos musicais combinados, perceba nas palavras de Laitz, como eles se cruzam e nos chamam a atenção para duas questões, os eventos importantes, ou seja, aqueles eventos que ocorrem em determinados pontos dentro de um aspecto musical e como eles nos mostram os caminhos que o compositor pretende nos transmitir com a sua obra, veja:

"As notas que ocorrem depois das barras de compasso têm uma função especial na música tonal porque são acentuadas. Eventos musicais acentuados se destacam porque nossa atenção é atraída para eles. [...] Uma razão pela qual nossa atenção é atraída para um evento é que ele anuncia algo novo ou diferente, como uma mudança no padrão" (LAITZ, 2012, p. 2-3). 

Em suma, esses eventos são controladores de todas as ocorrências que ocorrerão em outras partes das obras abordadas. Obviamente, com o decorrer dos estudos compreenderemos melhor estes eventos.

Também traremos discussões que envolvem os esquemas contrapontísticos e harmônicos que foram introduzidos no ensino moderno de música a partir da obra de Robert Gjerdingen, "Music in the galant stile" de 2007. 

 Robert Gjerdingen, "Music in the galant stile" de 2007.

O conteúdo de Gjerdingen trabalha essencialmente com a relação entre o baixo e a melodia e que necessita de combinações contrapontísticas para exercer determinadas ideias semânticas dentro de uma composição. Essas combinações são modelos práticos que auxiliavam o compositor galante e que era regido por combinações de movimentos no baixo.

Obviamente, tentaremos adaptar todos esses modelos, com ideias que regem o ensino de harmonia nos cursos escolares, como a harmonia funcional, a harmonia tradicional, o contraponto no modelo fuxiano, etc.

A ideia é avançarmos e vinvularmos os modelos epistemológicos à estilos contemporâneos como o Jazz e o Rock.

Para não estendermos, deixamos aqui o primeiro tópico que os estudantes devem dominar, a escala maior. Em um período anterior, eu montei uma série de vídeos sobre harmonia, que vocês podem acessar aqui no site ou no canal do youtube. Lembrando que no site temos o conteúdo escrito e no youtube somente os vídeos.

Link para os conteúdos no site:

Playlist no youtube:


É isso aí pessoal!
Aos poucos introduziremos todas essas ideias de uma forma mais abrangente para refletirmos e melhorarmos os nossos modelos analíticos.
Abraços e até a próxima coluna!

Fernando Tavares é pesquisador, professor e contrabaixista. Contribuiu com diversas publicações para revistas especializadas em contrabaixo e hoje é membro do LAMUS (Laboratório de Musicologia da EACH-USP Leste), do CEMUPE (Centro de Musicologia de Penedo) e do LEDEP (Laboratório de Educação e Desenvolvimento Psicológico da EACH-USP Leste).
É Mestre e Doutorando em Musicologia pela ECA-USP e é bolsista da CAPES.
"O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001
"This study was financed in part by the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Finance Code 001"