segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

MKK BASS SESSIONS - Programa #16 - Palheta

 Olá pessoal!


Eu produzo e apresento um programa totalmente voltado ao contrabaixo na MKK Web Radio (https://mkkwebradio.com.br/) às terças 22:00. O programa já teve mais de 70 edições e assim, decidi apresentar aos ouvintes os programas anteriores para os quais fiz alguma pesquisa.


Vocês podem ouvir todos os programas no spotify ou no mix cloud, os links estão abaixo:



https://www.mixcloud.com/discover/

Programa 16 - Palheta


Olá Pessoal!

No programa 16 tivemos um especial com baixistas que tocam com palheta.

Este tema é um assunto que gera muita discussão, mas estamos aqui para mostrar que não importa a ferramenta, o importante é tirar o melhor som e fazer linhas de baixo bem legais.

Como sempre, temos baixistas brasileiros e internacionais que se consagraram utilizando esta técnica,

Lembrando que o programa inédito sempre vai ao ar quinzenalmente nas terças às 22:00 com reprise aos domingos às 20:00 aqui na MKK Web Radio.


Mike Rutheford - Genesis


Todos nós sabemos que o rock progressivo produziu grandes baixistas. Além de dominar as ferramentas necessárias para o instrumento, estes baixistas eram excelentes compositores. Dentre as lendas do estilo que usavam palheta estão Chris Squire e Greg Lake, por exemplo. 

Mas neste especial tivemos o baixista e compositor do Genesis Mike Rutheford com a música Get’Em out By Friday do álbum Foxtrot de 1972. Prestem atenção nas frases com a pentatônica e em tercina que o baixista executa no refrão da música. 

O Genesis teve várias formações, mas a que apresentamos no programa é aquela considerada como a clássica da banda. 

Neste disco temos Peter Gabriel na voz principal, flauta, oboé e percussão, Tony Banks nos teclados e no violão de 12 cordas, Steve Hackett nas guitarras, violões e violão de 12 cordas, Phil Collins na bateria e Mike Rutherford no baixo, guitarras e um sintetizador que fazia o mesmo papel do famoso moog taurus, o Dewtron "Mister Bassman", este equipamento é interessante, pois ao fazer o baixo com o pé ou o teclado, o baixista fica com a mão livre para tocar outro instrumento. Chris Squire, Billy Sheeham e Geddy Lee também utilizam este artifício, entre outros músicos.

Dewtron "Mister Bassman"

Phil Lynott - Thin Lizzy

Agora vamos escutar o sensacional baixista e vocalista Phil Lynott e sua banda Thin Lizzy.

A música que apresentamos no programa foi "Waiting for an Alibi" que é o primeiro single do álbum de 1979, Black Rose: A Rock Legend . 

Black Rose foi o único álbum do Thin Lizzy gravado enquanto o guitarrista Gary Moore era um membro da banda. O músico saiu logo depois desse álbum.

A banda teve o seu primeiro sucesso com uma versão de uma música folclórica chamada “Whiskey In the Jar” em 1972, essa música também é lembrada pela versão do Metallica.

A sonoridade de Lynott é bem característica como ouvimos na música deste especial. As frases de baixo que ele cria são bem particulares , pois elas tem aquelas antecipações que fazem tudo soar muito suingado.

Ele morreu no dia 4 de janeiro de 1986, aos 36 anos. Em 2005, uma estátua de bronze em tamanho real de Lynott foi inaugurada em Dublin.


Luiz Domingues - Kim Kehl e os Kurandeiros


Uma das bandas mais legais do cenário independente de São Paulo é a banda Kim Kehl e os Kurandeiros e o sensacional baixista Luiz Domingues.

O Luiz tocou com as bandas A Chave do Sol, Língua de Trapo,Pedra,  Pit Bulls On Crack, Patrulha do Espaço, entre outras. Na década de 1980 ele tocava com os dedos e tinha uma pegada bem legal como vocês podem conferir nos trabalhos que citei anteriormente.

Em um dos nossos papos Luiz me contou que migrou para a palheta pelas possibilidades que a ferramenta lhe proporcionava em termos sonoros. Perceberam como a questão sonora é o mais importante para se alcançar uma linguagem própria. Enfim, escutamos um pouco do Luiz com os Kurandeiros na música o ilho Do Vodu. 

A linguagem roqueira da banda se deve aos seus músicos serem experientes dentro da cena do rock paulistano. Kim Kehl por exemplo, tocou muito tempo em uma banda cover dos Rolling Stones, além do Lírio de Vidro e da banda Made in Brazil, dentre outras.

O batera Carlinhos Machado tocou com Gerson Conrad, com o Lee Recorda e outros artistas.

Luiz, além dos trabalhos que já falei, também é um importante escritor. Vocês podem conferir o seu trabalho em seus três blogs sobre música, além de olhar algumas resenhas dele que postei no meu site. 

Luiz também lançou uma série de três livros sobre música no cinema, vale a pena conferir!


Joan Bedin - The Mönic

Mais um destaque da geração mais nova do contrabaixo brasileiro é Joan Bedin que é baixista da banda The Mönic formada em 2017.

Hoje vamos ouvir a música Maldizer do álbum “Deus Picio” de 2019. O disco conta com faixas em inglês e português lançado pela gravadora Deck.

O som de baixo da música é bem legal e a produção do disco é muito bacana.

O The Mönic surgiu a partir do encontro de Ale Labelle e Joan Bedin com Daniely Simões. A conexão foi instantânea e em menos de três meses elas já tinham mais de 10 músicas gravadas em uma demo. Mesmo com pouco tempo de estrada, a banda já tocou em eventos de peso, como a Virada Cultural de São Paulo, Oxigênio Festival, Festival Big Dia Da Música e em várias cidades do Brasil.

Em 2021 a banda anunciou a saída da baterista Daniely Simões sendo substituída por Thiago Coyote. Além disso a banda lançou um EP acústico chamado “Refúgio”, que foi gravado na casa de cada integrante separadamente por conta do isolamento social durante a pandemia da COVID-19. 

Veja um dos clipes da banda:



Gene Simmons - Kiss

Agora vamos escutar um dos grandes nomes do contrabaixo mundial.

Gene Simmons, nome artístico de Chaim Witz é o vocalista, baixista e fundador da banda de hard rock Kiss. Ele faz parte do grupo de baixistas que preferem a palheta para tocar o instrumento. Mas reparando em clipes do KISS você irá perceber que quando o assunto é playback, Gene sempre toca com os dedos.

No programa tivemos um som sensacional extraído pelo baixista na música é I Was Made or Lovin' You, que foi lançada originalmente no álbum Dynasty de 1979 ganhando o primeiro lugar em varios países sendo uma das musicas mais famosas e tocadas do Kiss até hoje. 

A canção foi composta por Paul Stanley e Desmond Child e dá para perceber a influência de baixistas clássicos que tocavam com palheta como Carol Kaye.

Junto com o também vocalista Paul Stanley, Simmons é o único membro remanescente da formação original do Kiss, e participou de todos os álbuns da banda. 

Como percebemos a música "I Was Made for Lovin 'You" inspira-se fortemente na música disco, estilo que era popular nos EUA no final da década de 1970. Foi o segundo single de ouro da banda, vendendo mais de 1 milhão de cópias.  O single alcançou a décima posição no Billboard. 


David Ellefson - Megadeth

 

Agora vamos escutar um dos baixistas mais importantes do thrash metal.

David Ellefson é um dos co-fundadores da banda de thrash metal Megadeth junto à Dave Mustaine. 

Rápido e técnico, David sempre chamou atenção pelas linhas de baixo que emprega nas musicas do Megadeth. Ele utiliza com maestria a palheta e cria alguns riffs bem complexos e que são difíceis de se executar. Tudo isso em um baixo Jackson que ganhou um modelo signature do baixista. Vocês podem conferir diversas músicas como Holly Wars, Trust, entre outras.

Para o nosso especial, escolhemos o clássico do estilo "Peace Sells" do segundo álbum do Megadeth Peace Sells... but Who's Buying? de 1986.

Ellefson permaneceu na banda desde 1983 até 2000 e após a saída do Megadeth ele integrou as bandas Temple Of Brutality, F5, Soulfly e Killing Machine, retornando ao Megadeth em 2010 e sendo dispensado da banda recentemente, no dia 24 de Maio de 2021.


Marcos Brandão - Liar Symphony


Agora vamos escutar uma das mais importantes bandas do Heavy Metal Nacional, o Liar Symphony que conta com o baixista Marcos Brandão em sua formação.

Na época em que o programa foi ao ar, o Liar Symphony tinha acabado de relançar a música Negative Foreseeing. Originalmente lançada em 2000 no álbum Affair of Honour, sendo este lançado no Japão e na Europa.

Para quem não sabe, o Liar Symphony é uma banda com 6 álbuns de estúdio e mais 1 CD e DVD ao vivo.

Para quem quiser saber mais sobre a banda, é só procurar por Liar Symphony nas Redes Sociais.


Canisso - Raimundos


Nos anos 1990 surgiu em Brasília uma banda bem legal e que ficou muito famosa em todo o país, Os Raimundos.

Lançada pelo selo Banguela Records que foi criado por integrantes da banda Titãs e pelo produtor Carlos Eduardo Miranda no início dos anos 1990, a banda estourou no primeiro disco com diversas músicas que misturavam Forró e Rock. O baixista da banda em seus tempos áureos era Canisso. Além de ter feito parte da formação original dos Raimundos, o baixista também tocou com o Rodox. 

Em 2004, com o fim do Rodox, afastou-se por um tempo do cenário musical e retornou ao Raimundos em 2007

Neste especial tivemos a música Nariz de 12 do álbum Lapadas do Povo de 1997.

Este álbum apresenta certa diferença em relação aos trabalhos anteriores devido ao maior peso investido na sonoridade, a ausência de influência nordestina e às letras de cunho social.


Steve Swallow 


Todo mundo vincula o uso da palheta no contrabaixo ao rock, mas nós escutamos no programa um dos mais brilhantes baixistas de Jazz e que toca com palheta.

O nome dele é Steve Swallow, ea música é Radio que está no álbum Swalow Tales do Guitarrista John Scofield de 2020.

Swallow é muito importante para a história do baixo elétrico no estilo. Ele foi um dos primeiros baixistas a tocar baixo elétrico no estilo, lá no início dos anos 1970 e também um dos primeiros a utilizar a corda dó aguda no baixo. 

Formado em música, Swallow lecionou no Berklee College of Music nos anos 1970. 

Ele tocou com Carla Bley, com John Scofield desde o início dos anos 1980, colaborando sistematicamente com o trabalho do guitarrista. Além de tocar, teve composições gravadas por músicos como Jim Hall (que gravou sua primeira música, "Eiderdown"), Bill Evans , Chick Corea , Stan Getz e Gary Burton .

Veja uma performance do baixista:



É isso aí pessoal!

Espero que escutem o programa.

Lembrando que o programa inédito sempre vai ao ar nas terças às 22:00

Abraços e até a próxima!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Teoria e Análise: Jazz-Fusion

 


Olá pessoal!

Nesta semana damos continuidade a nossa coluna de teoria e análise. Diferente das outras colunas deste blog nas quais eu passo estudos teóricos e práticos sobre os assuntos abordados, neste espaço buscamos refletir sobre os conteúdos e instigar novas pesquisas dos leitores.

Durante toda a minha carreira me deparei com "padrões" de análises como a harmonia funcional, as teorias tradicionais e outros modelos conhecidos e estudados pelos músicos.

Em 2017 fui apresentado no Lamus à teoria de Robert Gjerdingen que envolve os esquemas contrapontísticos do período galante - ver a coluna anterior com indicação de bibliografia - e comecei a refletir sobre o uso de outros modelos que não os mais tradicionais na análise da música popular como um todo. 

Vamos começar pelo jazz e fusion e a minha experiência com os estudos destes estilos.

Dentre os diversos autores que estudei, dois me chamaram a atenção e eu busquei me aprofundar nos estudos propostos por eles. O primeiro foi Jamey Aebersold e o seminal livro Como improvisar Jazz e Tocar - veja a coluna sobre este livro aqui - e posteriormente a sua enorme coleção de livros sobre o estilo -veja os livros para compra neste link - nos quais o autor demonstra a aplicação de escalas e arpejos em sequências harmônicas e standars de jazz. O segundo autor foi Mozart Mello, com o qual eu pude conviver não só como aluno, mas também como amigo e sócio e com quem tive conversas extensas sobre a música em toda a sua dimensão - você pode conferir os seus cursos aqui.

Em ambos os autores, me chamou a atenção a semelhança ao modelo de ensino e estudo do período galante, ou seja, a construção de protótipos sonoros - harmônicos no caso do jazz e contrapontísticos no caso do galante -  que serviam como base para a construção composicional de ambos os estilos.

Obviamente, não estou dizendo que há uma conexão direta entre os dois universos musicais e menos ainda que os músicos de jazz se inspiraram diretamente com os do galante. O que realmente quero dizer é que criar esquemas é um processo comum do ser humano e o uso deles faz parte do modelo de transmissão de conhecimento "informal" entre os músicos, ou seja, é um código que os músicos devem dominar para poder transitar pelas sonoridades que almejam produzir.

Assim, sugiro que não só olhem para o conteúdo destes dois professores que eu citei, mas que busquem compreender o que está nas entrelinhas de seus escritos:

- Pratique exaustivamente os protótipos musicais e busquem ampliá-los com a utilização de diversas ferramentas sonoras que impactarão a sua sonoridade de forma positiva. Darei um exemplo rápido para compreendermos isso.

John Coltrane  (23 de setembro de 1926 — 17 de julho de 1967), dominou os estudos da forma Blues (vide Mr. PC e Equinox) e dos standars (ver versões para Autumn Leaves e outros) e as suas sequências harmônicas, como por exemplo o ii V I tão usual no Jazz. 

Após anos de prática sobre estes esquemas, o músico passou a buscar uma forma de avançar e utilizar outras sonoridades, como a apresentada pelo músico Nicolas Slonimsky no livro Thesurus of scales and melodic patterns. Este estudo levou o músico a alcançar um patamar sonoro que o coloca entre os grandes do Jazz, com uma sonoridade que muitos julgam inalcançavel, mas que sabemos que foi obtida com o estudo de modelos de fraseado sobre esquemas harmônicos padrões do estilo.

Em suma, o que pretendo demonstrar para vocês é a necessidade de se compreender os esquemas do Jazz e do Fusion e estudá-los desde a forma mais tradicional até os modelos mais modernos.

Assim, aconselho ao aluno iniciante ou intermediário na arte da improvisação praticar exaustivamente os arpejos, as escalas e as frases dentro dos esquemas básicos que são:

  • V7 - I ou V7 - i
  • ii - V7 - I ou iiø - V7 - i
  • Blues Maior
  • Blues Menor
  • Estruturais ii - V7/III - III - VI - iiø - V7 - i - % (abertura de Autumn Leaves)
  • I - % - V7/V - % - ii - V7 - I - %

É isso aí!
Espero ter contribuido com alguma reflexão sobre os modelos harmônicos. 

Abraços e até a próxima coluna!

Fernando Tavares é pesquisador, professor e contrabaixista. Contribuiu com diversas publicações para revistas especializadas em contrabaixo e hoje é membro do LAMUS (Laboratório de Musicologia da EACH-USP Leste), do CEMUPE (Centro de Musicologia de Penedo) e do LEDEP (Laboratório de Educação e Desenvolvimento Psicológico da EACH-USP Leste).

É Mestre e Doutorando em Musicologia pela ECA-USP e é bolsista da CAPES.

"O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001

"This study was financed in part by the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Finance Code 001"

sábado, 18 de fevereiro de 2023

Artigo Acadêmico - TAVARES, F.; SILVA, G. C. ; MACHADO NETO, D.. Cadências do Galante: a utilização nas missas do Padre José Mauricio Nunes Garcia. 2020.

Olá pessoal!

Estou aqui hoje para apresentar o artigo acadêmico "Cadências do Galante: a utilização nas missas do Padre José Mauricio Nunes Garcia" apresentado no X Simpósio Internacional de Musicologia da Universidade de Goiás. O Artigo foi escrito ao lado de Gustavo Caum e Silva e Diósnio Machado Neto.

Evento: X Simpósio Internacional de Musicologia

Período do Evento: 29 de Novembro 2020 a 03 de Dezembro 2020.

https://www.musicologiaemac.org/

Local: Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás

Resumo do artigo

Resumo: Este artigo faz parte da linha de pesquisa sobre significação musical exercida pelo Laboratório de Musicologia da EACH, que toma por base a estética do período galante, no qual as composições do Padre José Mauricio Nunes Garcia estavam vinculadas. Tendo como objetivo a busca pela compreensão da construção discursiva do compositor, levamos em conta os processos da retórica e da práxis musical de grandes compositores do período, assim como as ferramentas que formavam a base teórica do período. Neste sentido, o entendimento das schematas e das cadências se valem de grande importância e são a base para a apresentação da fundamentação teórica presente neste trabalho. Para demonstrar o vínculo de José Mauricio com a música do período, selecionamos o primeiro movimento de três missas do compositor, São Pedro de Alcântara, Pastoril e Santa Cecília. Concluímos que as articulações tópicas e discursivas que elas possuem, consolidam seu repertório dentro da tradição galante e demonstram a sua formação contemporânea ao que era ensinado em centros europeus, como o de Nápoles. Esta conclusão vai ao encontro da teoria observada por Robert Gjerdingen que leva em consideração as relações contrapontísticas, os aspectos métricos para a criação do sentido e que no caso das cadências, com sua origem nas clausulae medievais, funcionam como encerramento, sejam eles definitivos ou sobre segmentos.

Palavras-chave: galante, cadências, schematas, significação musical, José Mauricio Nunes Garcia.

Para citar o artigo:

TAVARES, F.; SILVA, G. C. ; MACHADO NETO, D. . Cadências do Galante: a utilização nas missas do Padre José Mauricio Nunes Garcia. 2020. (Apresentação de Trabalho/Simpósio).

Para ler o artigo completo clique no link abaixo: 

Abraços e até a próxima coluna!

Fernando Tavares é pesquisador, professor e contrabaixista. Contribuiu com diversas publicações para revistas especializadas em contrabaixo e hoje é membro do LAMUS (Laboratório de Musicologia da EACH-USP Leste), do CEMUPE (Centro de Musicologia de Penedo) e do LEDEP (Laboratório de Educação e Desenvolvimento Psicológico da EACH-USP Leste).
É Mestre e Doutorando em Musicologia pela ECA-USP e é bolsista da CAPES.
"O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001
"This study was financed in part by the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Finance Code 001"

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Baixista do Mês - O estilo de Flea - Parte 1


Olá pessoal!

Nesta semana apresentamos uma matéria feita para a edição número #4 da Revista Bass Player Brasil sobre o sensacional baixista Flea do Red Hot Chili Peppers. 

Essa matéria faz parte de uma coleção de mais de 240 publicações feitas para revistas de contrabaixo e que eu tenho divulgado aqui no site.

Para ver as outras matérias que publiquei, vocês podem acessar o link 

Estas aulas são parte de um acervo produzido pelo autor e que estão relacionadas as suas pesquisas sobre contrabaixo, análise e teoria musical.

Para maiores informações entre em contato pelo e-mail: femtavares@gmail.com

O estilo de Flea - Parte 1


Nascido Michael Peter Balzary em 16 de outubro de 1962, Flea é considerado um dos baixistas mais criativos que apareceram nas últimas décadas. Ele pode transitar pelo rock, jazz, R&B com a mesma maestria, dominando por completo a linguagem destes estilos.

 
Fonte: http://redhotchilipeppers.wikia.com/wiki/Flea

Além do domínio do contrabaixo, Flea ainda toca trompete e é um estudante dedicado de música. Ficou conhecido mundialmente conhecido pelo seu trabalho no Red Hot Chili Peppers, mas gravou com diversos artistas como Alanis Morissette, Jane's Addiction, entre outros.
Criativo como poucos no meio musical, Flea domina e aplica em suas canções as técnicas de pizzicato, slap, muted e também aplica com desenvoltura diversos elementos de ornamentação como ligados, slides, vibratos.
Nesta matéria escrita originalmente para a revista Bass Player Brasil, o estilo de Flea é mostrado em 10 trechos de canções de diversos álbuns do Red Hot Chili Peppers.

Aeroplane


Este exemplo corresponde a base de voz da música e ocorre por volta de 49 segundos, nele Flea utiliza a técnica de Slap. No compasso 1 é tocada a fundamental com o thumb e a oitava com o pop (plucked), seguindo para a quinta do acorde e sua respectiva oitava mantendo a ideia de thumb para a nota mais grave e pop para a mais aguda. Nas passagens são utilizadas a terça e uma aproximação cromática no thumb. Esta linha de baixo é repetida nos compassos 3, 5, 7, 9 , 11 e 15. No compasso 13 a rítmica da frase se mantém, enquanto em relação aos intervalos, a quinta é substituída pela terça do acorde. 
No compasso 2, Flea inicia a frase utilizando a fundamental e a oitava do acorde e uma variação usando a penta menor de , esta ideia é repetida em todos os compassos pares, sendo que a terça menor na verdade funciona como uma nona aumentada do acorde de C7.


Aeroplane


Ainda em Aeroplane encontramos um pequeno solo de contrabaixo que se inicia por volta de 3:40 minutos.  A harmonia utilizada para o solo é a mesma de toda a música, os acordes de Gm e C7. Para o acorde de Gm, Flea basicamente pensou na penta menor com uma passagem pela terça maior do acorde. Enquanto que para o acorde de C7, foi utilizada a escala mixolídio com a nota Fá sustenido funcionando como blue note (cromatismo).


By The Way


Este exemplo corresponde a base de voz da música By the Way. Nele, Flea utilizou uma afinação alternativa conhecida como dropped D, que consiste em abaixar a quarta corda do contrabaixo para a nota D. A frase é construída utilizando a pentatônica de Ré menor, sendo que a maior dificuldade para este trecho está na sua execução, que requer um domínio da técnica de Hammer-on.


Soul To Squeeze


Uma das linhas de contrabaixo mais legais de Flea pode ser vista nesta música. Nela, o baixista cria uma “bass line” consistente, fazendo com que a música gire em torno desta. A harmonia utilizada é F (I Grau), Csus2 (V grau), Dm (VIm), Bb (IV), Dm, F, C e os acordes e Gsus2 e Gm9(IIm). Para a construção da linha, basicamente foram utilizadas as notas da escala da tonalidade (Fá), mas o grande segredo é como os intervalos são combinados, criando sons característicos para esta linha. Como por exemplo, a nota Si, que funciona como um cromatismo muito utilizado por músicos de jazz, sendo um padrão pensado com o que é conhecido como "target note", ou nota alvo.


Scar Tissue


Este trecho corresponde à base do solo de guitarra, nele o baixista explora os acordes do trecho, criando uma base muito firme e com uma melodia bem marcante nas notas da “ponta”. Sobre o acorde de D5 (dentro da tonalidade funciona como o acorde e Dm), Flea utiliza a tétrade de Dm7 para criar a melodia. No quinto compasso do trecho o baixista insere a nona do acorde. Sobre o acorde de C o baixista utiliza a fundamental e a terça maior do Acorde.


Esta é a primeira parte da coluna deste grande baixista da música pop.
A segunda parte está neste link: Flea - Parte 2 
Lembrando que esta matéria foi publicada originalmente na edição 4 da revista Bass Player Brasil.
Abraços e até a próxima coluna!

Fernando Tavares é pesquisador, professor e contrabaixista. Contribuiu com diversas publicações para revistas especializadas em contrabaixo e hoje é membro do LAMUS (Laboratório de Musicologia da EACH-USP Leste), do CEMUPE (Centro de Musicologia de Penedo) e do LEDEP (Laboratório de Educação e Desenvolvimento Psicológico da EACH-USP Leste).
É Mestre e Doutorando em Musicologia pela ECA-USP e é bolsista da CAPES.
"O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001
"This study was financed in part by the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Finance Code 001"