sábado, 12 de maio de 2018

Artigos e Resenhas - Live Sessions at Mosh / Tony Babalu - Por Luiz Domingues


Olá pessoal!

Nesta semana temos mais um artigo especial do amigo Luiz Domingues, com uma resenha do álbum Live Sessions at Mosh do guitarrista Tony Babalu. Só para lembrá-los que esta é uma coluna em que coloco artigos e matérias escritas por profissionais gabaritados e que serão úteis para os estudantes e apreciadores de música. 

Esta resenha e outras matérias maravilhosas podem ser encontradas nos blogs do Luiz. Segue abaixo o link deste artigo e os links dos blogs.


Um breve release do Luiz feito pelo próprio:
Sou músico e escrevo matérias para diversos Blogs. Aqui neste Blog particular, reúno minha produção geral e divulgo minhas atividades musicais. Como músico, iniciei minha carreira em 1976, tendo tocado em diversas bandas. Atualmente, estou atuando com Os Kurandeiros.

Então vamos a resenha:

Live Sessions at Mosh / Tony Babalu - Por Luiz Domingues


Guitarrista, compositor e produtor musical de enorme experiência na cena musical paulista e brasileira, Tony Babalu acaba de lançar mais um trabalho solo de muita qualidade.


Em “Live Sessions at Mosh”, nos apresenta seis temas instrumentais de grande qualidade técnica, com inspiração e sobretudo demonstrando um ecletismo estilístico ímpar, que faz desse álbum uma oportunidade de se ter uma  agradabilíssima audição.
A concepção foi baseada na ideia de uma sessão de gravação ao vivo, com Babalu e banda tocando juntos, ao vivo, como numa apresentação regular com público. Nesse tipo de gravação, perde-se a precisão e o foco de uma tradicional metodologia de gravação de disco, mas ganha-se em calor humano, com a música sendo conduzida pela vibração daquele momento único que o artista tem numa apresentação ao vivo, e era essa a intenção de Tony Babalu para ficar eternizada nesse trabalho. Ouvindo-o, constata-se que logrou êxito, porque não são poucos os climas exclusivos criados pela banda, em momentos de forte inspiração e criatividade.


O primeiro tema do disco, “Valsa à Paulistana”, é de fato uma valsa na acepção do termo, pois se apresenta na fórmula de compasso típica desse ritmo, em ¾. Gostei muito do timbre limpo da guitarra Fender Stratocaster, de uma beleza incrível. O piano elétrico preenchendo os espaços com acordes sofisticados deram uma consistência excelente. O tema avança e ganha ares brasucas, parecendo um Samba-Jazz com muito groove, e sob um belo solo de guitarra, onde Babalu buscou suas bênçãos de Carlos Santana, certamente.

A faixa seguinte, “Pompeia’s Groove” é um Jazz-Rock funkeado daqueles bem setentistas, com punch de Rockeiro. Gostei muito da pegada forte do Franklin Paolillo, um dos maiores bateristas da história do Rock brasileiro, sem dúvida. Fora isso, chamou-me a atenção o belo riff rocker na parte central do tema, com o piano assumindo um papel importante na sua condução e o solo final do Babalu, trazendo à tona um lembrança muito bem vinda do Jeff Beck.

Antes de ouvir “Suzi”, olhei a sua metragem e pensei como era longo o tema e dessa forma, em se considerando ser um disco instrumental e não de Rock progressivo (estilo onde músicas de tamanho avantajado são normais), como poderia ter sido desenvolvido dentro do conceito da música instrumental ?
Bastaram os primeiros segundos para eu suspender a minha perplexidade e mergulhar no suave blues, com um poder quase hipnótico que não nos deixa pensar em mais nada e aí, os tais nove minutos diluem-se e quando a canção termina, fica a sensação boa de “quero mais”. Muito bom o timbre da guitarra de Babalu nessa faixa, condizente com sua atmosfera quase mântrica. Remeteu-me ao som do Eric Clapton em seus primeiros discos solo, dos anos setenta.

“Brazilian Blues” também surpreendeu-me positivamente. Tratando-se de um slow blues, gostei bastante da atuação do tecladista Adriano Augusto, com um solo muito bom de órgão. Na metade da música, um clima mais tenso agradou-me bastante, fazendo-me lembrar da canção “Yer Blues”, dos Beatles e ao final, gostei muito da intervenção de um solo muito melódico do Babalu.

A quinta faixa, traz “Halley 86”, uma explícita referência à passagem do famoso cometa pelo céu, naquela ano de 1986.  Nessa canção, a brasilidade se fez presente, com um tema claramente calcado no ritmo do baião nordestino, com muita ginga. O baixista Leandro Gusman fez um solo de baixo muito técnico e melódico, realmente notável, lembrando o estilo do baixista Itiberê Zwarg, que acompanha Hermeto Paschoal há anos. Babalu também deixou a sua marca, com um delicado solo à la George Harrison.

O último tema, chamado "Vecchione Brothers”, é um Rock com pegada e emoção. Outra homenagem pessoal (“Suzi” é uma homenagem à esposa de Babalu), desta vez Babalu evocou as suas raízes Rockers ao lado dos fundadores do Made in Brazil e vizinhos do bairro da Vila Pompeia, em São Paulo. Gostei do Riff, que tem o punch de bandas clássicas como o Foghat e Status Quo, por exemplo.



Musicalmente, como já salientei, o disco é bastante eclético, passando por vários ritmos. A banda é sensacional, e o Babalu brilha como guitarrista, compositor, arranjador e produtor. 
A capa é bastante estilosa. A lendária guitarra Fender Stratocaster de Tony Babalu se destaca numa paisagem noturna e difusa, imprimindo um astral de urbanidade, que particularmente muito me agrada. O encarte vem recheado de fotos da banda gravando no estúdio Mosh de São Paulo.
Existe uma filmagem no CD que pode ser vista no computador, um bônus sensacional que recomendo, certamente.


Encerrando, para quem acha que disco de música instrumental interessa somente a músicos, se engana em relação à este trabalho. Ele cai bem a qualquer momento e pode agradar pessoas que teoricamente só ouvem músicas vocalizadas e com três minutos de duração, no padrão pop radiofônico.
Para conhecer este trabalho e a carreira de Tony Babalu, acesse :

É isso aí pessoal.
Espero que curtam esta resenha do Luiz e principalmente, conheçam o trabalho deste grande guitarrista.
Abraços e até a próxima!

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