segunda-feira, 3 de abril de 2023

Teoria e Análise: Esquemas harmônicos no Jazz-Fusion


Olá pessoal!

Nesta semana damos continuidade a nossa coluna de teoria e análise. Diferente das outras colunas deste blog nas quais eu passo estudos teóricos e práticos sobre os assuntos abordados, neste espaço buscamos refletir sobre os conteúdos e instigar novas pesquisas dos leitores.

Vocês podem conferir as duas colunas anteriores em que falo um pouco sobre os modelos de estudos que desenvolvo nos links abaixo:

Coluna 1 - http://www.femtavares.com.br/2023/01/teoria-e-analise-introducao-aos.html

Coluna 2 - http://www.femtavares.com.br/2023/02/teoria-e-analise-jazz-fusion.html

Estas aulas são parte de um acervo produzido pelo autor e que estão relacionadas as suas pesquisas sobre contrabaixo, análise e teoria musical.

Para maiores informações entre em contato pelo e-mail: femtavares@gmail.com

Novamente, ressalto que quando comparo algum pensamento nessas colunas que escrevo, não quero mostrar vínculos entre os estilos citados e muito menos em relação aos autores. A ideia sempre é tentar desmistificar o processo de conhecimento teórico para mostrar que os "gênios" - com todas as aspas que o termo merece - são músicos que tinham como grande mérito o domínio das ferramentas disponíveis em seu tempo.

Ainda trato do Jazz nesta coluna, pois acredito que seja um estilo que pode nos ajudar na compreensão deste ensino.

Então vamos falar um pouco mais sobre alguns dos esquemas que apresentei na segunda coluna.

O primeiro deles, é o mais essencial de todos - não uso a palavra básico, pois ela tem um sentido pejorativo na aprendizagem, e ela perdeu o sentido fundamental que é básico de base. Neste sentido o básico seria o melhor termo para nós, mas seguimos - a cadência é a base para os esquemas.

Diferente do modelo mais detalhado que classfica a cadências pelos movimentos clausulares no século XVIII e que faz com que ela tenha diversas propriedades semânticas - se quiser saber mais, acesse o artigo sobre cadência galante neste link - no Jazz ela se relaciona ao movimento em bloco que compreende os acordes do V7 para o I tanto em maior quanto em menor.

O segundo esquema utiliza a cadência acrescida de um pré-dominante (PD). No caso do Jazz, o PD é feito sempre com a supertônica, pois segundo o Laitz, (2012, p. 193) "A supertônica é o acorde pré-dominante mais comum". Além disso o autor diz que existem três razões principais pelas quais os compositores consideram a supertônica como um PD mais eficaz: (1) A progressão ii-V prossegue por movimento de quinta descendente, o movimento fundamental mais forte na música tonal; (2) Ela apresenta uma sonoridade marcante e contraste modal nas progressões, ou seja, em tons maiores, ii é menor enquanto o I e V são maiores e em tons menores, iiº é diminuto, enquanto i é menor e V é maior (LAITZ, 2012, p. 193).

Assim, o segundo esquema Jazzístico contempla o ii V7 que preferencialmente caminha para o I maior e o iiø V7 que preferencialmente caminha para o i menor. Digo preferencialmente, pois, nem sempre os Jazzistas resolvem como esperamos, como em Stella by Starlight, por exemplo que possui iiø V7 que caminham para o maior.

Assim, aconselhamos o estudo do livro de Jamey Aebersold sobre a progressão ii V I que pode ser encontrado no seguinte link:

 https://www.jazzbooks.com/mm5/merchant.mvc?Screen=PROD&Product_code=V03DS

Por fim, deixamos os primeiros esquemas para estudo:

  • V7 ↷ I
  • V7 ↷ i
  • ii V7 
  • iiø V7
  • ii V7 ↷I
  • iiø V7 ↷i
Não esqueça de estudá-los em todos os tons e pelo ciclo de quartas.

É isso aí!

Espero ter contribuido com alguma reflexão sobre os modelos harmônicos. 

Abraços e até a próxima coluna!

Fernando Tavares é pesquisador, professor e contrabaixista. Contribuiu com diversas publicações para revistas especializadas em contrabaixo e hoje é membro do LAMUS (Laboratório de Musicologia da EACH-USP Leste), do CEMUPE (Centro de Musicologia de Penedo) e do LEDEP (Laboratório de Educação e Desenvolvimento Psicológico da EACH-USP Leste).

É Mestre e Doutorando em Musicologia pela ECA-USP e é bolsista da CAPES.

"O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001

"This study was financed in part by the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Finance Code 001"

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