segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Os Baixistas de Frank Zappa - Parte 2


Olá pessoal!

Nesta semana, damos continuidade à matéria sobre os baixistas que tocaram com Frank Zappa. Para quem não leu a primeira coluna, aqui está o link dela: Os Baixistas de Frank Zappa - Parte 1

Este artigo faz parte da minha coleção, que inclui diversos estudos sobre contrabaixo, teoria e análise musical.

Para conferir alguns dos trabalhos e artigos que publiquei, acessem o link: Midia Impressa - Fernando Tavares

Para obter mais informações, entrem em contato pelo e-mail: femtavares@gmail.com


Parte 2

A segunda parte da coluna sobre os baixistas de Frank Zappa abrange os anos de 1972 a 1975. Desta fase, os exemplos foram extraídos basicamente de três discos, que eu particularmente considero os mais influentes e importantes desta fase. Os discos são:

  • Apostrophe'
  • One Size Fits All
  • Roxy & Elsewhere
O baixista desta fase é Tom Fowler.

Thomas W. Fowler (n. 10 de junho de 1951, Salt Lake City, EUA) é um baixista e multi-instrumentista americano, mais conhecido pelo seu trabalho com Frank Zappa nos anos 1970.

Ele vem de uma família de músicos talentosos – os irmãos Bruce, Walt, Steve e Ed também tocaram com Zappa em diferentes momentos, formando uma espécie de “clã Fowler” dentro da cena fusion/rock experimental.

Tom se juntou à banda de Zappa em 1973, substituindo Alex Dmochowski (“Erroneous”), e permaneceu até 1975.

Seu estilo é uma fusão de rock, jazz e funk, com linhas de baixo altamente criativas e sólidas, que se encaixavam perfeitamente na escrita rítmica complexa e cheia de mudanças métricas de Zappa.
Após deixar a banda de Zappa, Fowler tocou com artistas como Jean-Luc Ponty, Steve Hackett (ex-Genesis) e outros nomes do jazz-rock. Ele também trabalhou como músico de estúdio em Los Angeles. 

Exemplo 1


O primeiro exemplo é extraído da música "Don't Eat The Yellow Snow" e refere-se à base principal da música. A frase foi construída sobre a fórmula de compasso 7/4, e Tom Fowler utilizou a Pentatônica de Ré Maior. No quinto compasso, inicia-se a linha de baixo sobre a qual Frank Zappa canta. Esta base segue a mesma fórmula de compasso, mas o baixista utiliza a fundamental e uma aproximação cromática de duas notas para construir a frase. O andamento é de 138 bpm.


Exemplo 2

No segundo exemplo, temos a base de voz da música "St. Alphonzo’s Pancake Breakfast". Este trecho foi construído utilizando a escala de Dó Mixolídio com a "blue note" na segunda aumentada. O trecho está em um andamento rápido, e a digitação da frase é complexa, com alguns saltos. Para aqueles que desejam conhecer mais a fundo as estruturas melódicas que Zappa construía, esta é uma ótima música para se estudar.



Exemplo 3


Este exemplo corresponde à base do solo e teclado de George Duke. A fórmula de compasso é 7/16, e foi utilizada a escala de Lá bemol Lídio sobre o acorde de Ab, além da escala de Sol menor sobre o acorde de Gm.


Exemplo 4


Esta música é instrumental e nela Zappa utiliza diversas fórmulas de compasso. O trecho escolhido para estudo é a parte posterior à introdução, onde as frases são feitas com os outros instrumentos sobre a escala de Mi maior. A partir do quinto compasso do exemplo, é utilizada a fórmula de 11/16.

Esta é a segunda parte da Bass Clinic sobre os baixistas de Frank Zappa, referente à fase de 1972 a 1975. Os dois primeiros exemplos são do álbum "Apostrophe'", o terceiro é de "One Size Fits All", e o quarto de "Roxy & Elsewhere". Vale ressaltar que seria injusto não recomendar, além destes três álbuns, o disco "Over-nite Sensation", gravado quase simultaneamente a esses. Pessoalmente, considero "One Size Fits All", junto com "Hot Rats", como uma das obras-primas desse genial compositor.

Segue abaixo os links dos álbuns no Spotify:


-Apostrophe’

-One Size Fits All

-Roxy & Elsewhere

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Bons estudos e até a próxima coluna!

Fernando Tavares utiliza cordas Giannini e cabos Datalink.

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Transcrição - Apostrophe' Trio - Sons da Mente - Parte I

Olá, pessoal!

Em 2017, lancei um CD com o Apostrophe' Trio e, ao longo deste ano, disponibilizarei as transcrições das músicas aqui no site.

Nesta semana, apresento a transcrição da música Sons da Mente – Parte I.

Composta por mim em 2012, a peça explora uma ideia modal e um eixo simétrico formado por terça descendente e segunda ascendente. Todas as partes foram desenvolvidas com base no modo dórico.

A introdução está em G dórico, seguida pela parte “A”, uma terça abaixo, em E♭ dórico. A parte “B” sobe um tom, indo para F dórico, e o refrão (parte “C”) aparece em C♯ dórico. Em seguida, o solo percorre as escalas de E♭ dórico e B dórico, retornando ao refrão em C♯ dórico. Para concluir, a música retoma a ideia da introdução, agora em A dórico.

Resumindo, a simetria de tonalidades é a seguinte:

G – E♭ – F – C♯ – E♭ – B – C♯ – A

A composição segue com a Parte II, que será apresentada posteriormente.

O álbum está disponível no Spotify, YouTube e em outras plataformas de streaming.


Youtube:



Sons da mente - Parte I


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Apostrophe' Trio: Sons da Mente - Parte I

Música por Fernando Tavares

Performance:
Fernando Tavares: Contrabaixo
Lucas Barbosa Fragiacomo: Guitarra
Thiago Sonho: Bateria

Gravado, mixado e masterizado por Armando Leite no Estúdio Tecnoarte!
Produzido por Fernando Tavares


Abraços e até a próxima coluna!

Artigo “De outras terras e outras línguas te acordar: Taiguara, a música como campo de batalha”

 Olá, pessoal!

Estou aqui hoje para apresentar o artigo “De outras terras e outras línguas te acordar: Taiguara, a música como campo de batalha”, que se relaciona à linha de pesquisa "Significação Musical e Teoria Crítica aplicadas às Dimensões Sociopolíticas, Culturais e Decoloniais da Música Brasileira" do LAMUS (Laboratório de Musicologia) da EACH-USP Leste, coordenada pelo Prof. Dr. Diósnio Machado Neto.

O artigo é uma produção conjunta de Aldo Luiz Leoni, Fernando Tavares e Diósnio Machado Neto do LAMUS e resultado dos encontros do Grupo de Estudos sobre o Rock, feitos quinzenalmente pelo grupo. O artigo saiu no dossiê: “Álbumes del exilio: música popular, política y experiencias” no Volume 6, Número 1 (2024) da Revista Contrapulso, disponível no link:

https://contrapulso.uahurtado.cl/index.php/cp/issue/view/10

O artigo pode ser encontrado neste link:

https://contrapulso.uahurtado.cl/index.php/cp/article/view/240/105

Resumo do artigo

Este trabalho aborda a vigilância ideológica e de costumes dos aparelhos do Estado durante a Ditadura Militar no Brasil, especialmente na música. Destaca-se o caso de Taiguara, um compositor que ao tentar reiteradamente defender pessoalmente suas canções acabou criando no meio censório uma reputação de inconformista. Isso eventualmente se agravou à medida que o regime militar passou não só a cercear canções sobre costumes, mas também conteúdo considerado subversivo. Assim a carreira do músico em paralelo à escalada da repressão desde o Golpe de 1964 estabelece um nexo de causalidade. A vigilância começa a se evidenciar mesmo durante os festivais musicais televisionados na década de 60 nos quais o músico tinha presença constante. Isso iria causar os dois períodos de exílio de Taiguara, o primeiro na Inglaterra e o segundo na Tanzânia. O álbum Imyra, Tayra, Ipy(1976) foi o auge da perseguição, pois, mesmo tendo passado na peneira censória foi recolhido às pressas logo após sua distribuição. Além da discussão sobre o exílio e a censura enfrentados por Taiguara, são analisadas soluções musicais e letras do compositor nesse contexto. A postura crítica e a defesa de pautas que hoje seriam classificadas como progressistas destacaram-no como um artista em busca de liberdade de expressão.

Palavras-chave: Taiguara, exílio, ditadura militar brasileira, censura, Imyra Tayra Ipy.

Para quem quiser saber mais informações sobre o LAMUS, pode acessar o site:

https://sites.usp.br/lamus-each/

Este artigo faz parte da minha coleção, que inclui diversos estudos sobre contrabaixo, teoria e análise musical.

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Bons estudos e até a próxima coluna!

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sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Transcrição do Mês - Miles Davis - So what com Paul Chambers no baixo


Olá, pessoal!

Nesta semana, apresento uma transcrição com texto explicativo no site. Para esta coluna, escolhemos a música So What do Miles Davis com Paul Chambers no baixo.

Este artigo faz parte da minha coleção, que inclui diversos estudos sobre contrabaixo, teoria e análise musical. Ele foi lançado originalmente para a edição #12 da Revista Bass Player Brasil de Setembro de 2012.

Para conferir alguns dos trabalhos e artigos que publiquei, acessem o link:

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Paul Chambers

A música “So What” abre o álbum Kind of Blue, considerado a maior referência do estilo denominado Cool Jazz. Esse disco praticamente direcionou tudo o que veio depois dele dentro do universo do Jazz. Gravado em duas sessões, contou com nomes como Miles Davis, John Coltrane, Cannonball Adderley e, no contrabaixo, Paul Chambers.

A obra apresenta uma harmonia modal, isto é, centralizada em um determinado modo grego – neste caso, o modo dórico. A estrutura divide-se em: introdução, um chorus de apresentação do tema (executado pelo contrabaixo) e dois chorus de improvisação para cada um dos músicos de sopro. Cada chorus é formado por 32 compassos, sendo: dezesseis compassos em Ré menor (Dm) – recomendando-se contar em dois grupos de oito –, oito compassos em Mi bemol menor (Ebm) e mais oito compassos em Ré menor (Dm). A execução deve ser em swing feel, ou seja, a colcheia deve ser tocada com a característica do jazz, na qual a primeira é levemente alongada em relação à segunda.

Para a construção do tema, o contrabaixista utiliza a escala de Ré menor dórico (II grau de Dó maior), explorando também slides. A digitação segue a maneira utilizada por Paul Chambers no contrabaixo acústico. No walking bass, o baixista cria variações a partir da escala de Ré menor dórico e de cromatismos direcionados às notas do arpejo (fundamental, terça menor, quinta e sétima). Quando a harmonia modula para Mi bemol menor (modo dórico – II grau de Ré bemol maior), ele emprega os mesmos recursos, tomando agora como referência a nota Mi bemol. É interessante notar que o baixista parte, em determinado momento (compasso 65), de um shape baseado na nota Ré bemol, ou seja, na escala do tom.

Como a linha de contrabaixo é improvisada ao longo de toda a peça, recomenda-se o estudo do walking bass presente nos dois chorus do improviso de Miles Davis (compassos 45 a 108) como base para o seu estudo. Os demais chorus consistem em variações sobre as ideias apresentadas nesses trechos.

So What” consolidou-se como um marco na história do jazz, não apenas pela genialidade de Miles Davis e seus colaboradores, mas também pelo caráter inovador de sua construção modal. O papel de Paul Chambers no contrabaixo é fundamental para a compreensão da peça, tanto pela sustentação harmônica quanto pela criatividade rítmica e melódica que influenciaram gerações de músicos. Trata-se, portanto, de uma obra essencial para o estudo do jazz moderno e para o entendimento da linguagem do walking bass dentro do estilo.

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