quarta-feira, 23 de junho de 2021

Coluna de Baixistas - O Estilo de Chris Squire


Olá Pessoal!

Nesta semana temos no site a primeira parte de uma matéria especial sobre o estilo musical de Chris Squire. Nela demonstramos diversos exemplos de linhas criadas pelo baixista e nas quais analisamos a parte harmônica, melódica e rítmica do estilo do músico.
Este material faz parte de um acervo disponível como material de apoio para as minhas aulas de contrabaixo presencial e on-line.
Para maiores informações sobre o curso entre em contato pelo e-mail: femtavares@gmail.com

Chris Squire



Christopher Russell Edward Squire, (Londres, 4 de março de 1948) é um músico famoso por seu trabalho como baixista da banda de rock progressivo Yes, da qual foi co-fundador e único membro constante até a sua morte. 
Dono de uma técnica de palheta precisa e um timbre inconfundível, Chris Squire impressiona também pelo uso de notas com divisões rítmicas complexas frases muito rápidas e linhas repleta de variações sobre compassos alternados. Outra característica do baixista são as frases que criam uma espécie de contraponto com os outros instrumentos. Deste modo, é muito interessante estudar não só a parte motora das linhas, mas também a relação com o que os outros instrumentos estão fazendo, ou seja, um estudo de música completo.
Durante a década de 80 o som do Yes mudou muito, e isso se deve em grande parte ao fato de Chris Squire adaptar as suas linhas de Baixo à um som mais voltado para o Pop. Mesmo com esta mudança, ainda podemos encontrar algumas linhas complexas para este estilo de música. No final da carreira o baixista alternou os momentos virtuoses da década de 70 com o Pop dos anos 80.

And You and I


Esta música está presente no álbum “Close To The Edge”. O trecho escolhido é um pequeno dueto de Baixo e teclado que ocorre por volta de 1'26" e está na tonalidade de Ré maior. Existe um segundo baixo neste trecho que toca a nota pedal em Ré, por isso os acordes tem sempre esta nota na voz mais grave.


Close To The Edge


Esta música é uma suíte de quatro partes e quase vinte minutos. Dentro dela, temos várias frases de baixo “encrencadas” e que podem ser estudadas pelos baixistas. O trecho que escolhemos para apresentar nesta matéria é uma parte que ocorre por volta de 6'44". Nele, a linha do baixo é feita sobre duas fórmulas de compassos diferentes 6/8 e 3/4. 
A construção da parte melódica se utiliza da fundamental de cada acorde nos compassos 1, 2, 5 e 6. Nos compassos 3, 4, 7 e 8, o baixista constrói a frase com a pentatônica de Lá menor. Um ponto interessante destes compassos específicos se refere a parte rítmica que trabalha com a subdivisão do tempo em semicolcheias, com a utilização de variações e pausas. 


Heart of the Sunrise


Esta música está no álbum “Fragile”. Poderíamos ter apresentado outras partes desta música como a introdução e outras partes de extremo virtuosismo presentes nesta música, mas optamos pela linda base de voz desta canção. Ela ocorre por volta de 4'11" e na repetição ela é feita uma oitava abaixo, assim como em outros trechos. No primeiro compasso do trecho temos uma tríade descendente de Bbm e no segundo compasso ele sobe a escala Pentatônica do acorde (Ebm) a partir da terça menor. Nos três compassos posteriores, o baixista executa um ligado completo, ou seja, com hammer-on e pull-off e finaliza na fundamental dos acordes de Cm7, Bbm e Ab respectivamente. Por fim, a passagem para o quinto compasso é feita pela tríade de Bbm com a linha finalizada na fundamental do acorde de Ab.


Into The Lens


Esta música pertence ao álbum “Drama”. Este é um dos álbuns mais legais da banda no que diz respeito as linhas de contrabaixo, mas infelizmente é um dos mais subestimados da extensa discografia do grupo.
O trecho escolhido é uma ponte que ocorre por volta de 4'08". Aqui é necessário um domínio muito bom de técnicas relacionadas a mão direita, pois como sabemos, Squire utilizava palheta, mas as semicolcheias podem ser um ótimo exercício para estudar a técnica de pizzicato. São usadas as fundamentais dos acordes para a construção da linha e a pentatônica de Dó menor para a frase no final do trecho.


I’ve Seen All Good People


Esta música pertencente ao “Yes Álbum”. O exemplo faz parte do segundo trecho da música chamado "All Good People" e se inicia por volta de 3'32". 
Esta frase é executada nas partes em que não há a linha melódica de voz. A frase foi construída dois acordes A e B e não é de difícil execução. Com exceção do primeiro compasso, todas as frases começam no contratempo dos compassos, com a fundamental adiantada em uma colcheia, isso proporciona uma sonoridade bem interessante para a frase. A escala utilizada para a construção deste trecho é o mixolídio, que é executado nos dois acordes respectivamente.


Leave It


Esta música pertence ao álbum “90125”, da década de 80. Apesar de Squire ter mudado sua forma de tocar neste álbum, como observamos na introdução deste texto, vemos neste trecho um pouco de suas características musicais que são as notas em contratempo e que não se limitam as fundamentais de cada acorde. 
A frase se inicia no contratempo do primeiro tempo e é usada a sétima (Bb) do acorde de C7, para posteriormente caminhar para para a terça (A) do acorde de F. Na sequência temos a escala de Dó maior que finaliza no acorde Dm. Neste ponto o baixista utiliza a note Dó para fechar o primeiro compasso.
No segundo compasso é usada a nota Dó que dura dois acordes (C e F), com a frase finalizada na quinta (G) do último acorde C7. No terceiro e quarto compassos, o baixista repete a ideia, mudando apenas alguns intervalos.


Owner of a lonely heart


Também do álbum "90125", esta é a música mais conhecida do Yes. Nela temos uma ideia totalmente diferente das características de construção de frases do baixista. Neste trecho, que corresponde à introdução, mas é utilizado em toda a base da música com exceção da ponte, o baixista executa as fundamentais dos acordes. A frase contém alguns contratempos, mas sem muitas dificuldades para se executar. No final, eu transcrevi uma frase que só é tocada na introdução, com a figura de sextinas e que é dobrada com a guitarra e o teclado.


Parallels


Esta música deveria ter saído no primeiro álbum solo de Chris Squire, mas acabou entrando apenas no álbum “Going For The One” do Yes. O trecho escolhido ocorre por volta de 3'14" e funciona como o refrão da musica. 
Repare que a harmonia é bem simples (Em, D e C), mas o Baixista conseguiu criar uma sonoridade interessante para o trecho com seus arpejos e notas no contratempo. Note que as acentuações dos acordes são antecipadas, e aparece um acorde que não pertence a tonalidade de E menor que é o Bb.



Bons estudos e até a próxima matéria!

4 comentários:

Lucas Bento disse...

grande post, eu voltei a estudar baixo devido a esse seu excelente blog, hehe, parabéns pelo bom gosto também e obrigado

femtavares disse...

Poxa obrigado Lucas!
Valeu todo o trabalho então, mais um baixista que voltou ao batente, muito obrigado por acompanhar o blog, toda a semana terá matéria nova

Jean F Silva disse...

O jeito é juntar uma grana e virar aluno do Fernando mesmo . Gosta do mesmo estilo musical que eu e uma didática lendária

femtavares disse...

Aeh Jean!
Muito obrigado pelo elogio, fico muito feliz em contribuir.. em relação ao $$$, fazemos qualquer negócio hahaha, brincadeira, será super bem vindo quando quiser. Abraços e continue acompanhando as colunas.