Olá, pessoal!
Nesta semana, apresento uma transcrição com texto explicativo no site. Para esta coluna, escolhemos a música So What do Miles Davis com Paul Chambers no baixo.
Este artigo faz parte da minha coleção, que inclui diversos estudos sobre contrabaixo, teoria e análise musical. Ele foi lançado originalmente para a edição #12 da Revista Bass Player Brasil de Setembro de 2012.
Para conferir alguns dos trabalhos e artigos que publiquei, acessem o link:
http://www.femtavares.com.br/p/midiaimpressa-fernandotavares-sempre.html
Para obter mais informações, entrem em contato pelo e-mail: femtavares@gmail.com
Paul Chambers
A música “So What” abre o álbum Kind of Blue, considerado a maior referência do estilo denominado Cool Jazz. Esse disco praticamente direcionou tudo o que veio depois dele dentro do universo do Jazz. Gravado em duas sessões, contou com nomes como Miles Davis, John Coltrane, Cannonball Adderley e, no contrabaixo, Paul Chambers.
A obra apresenta uma harmonia modal, isto é, centralizada em um determinado modo grego – neste caso, o modo dórico. A estrutura divide-se em: introdução, um chorus de apresentação do tema (executado pelo contrabaixo) e dois chorus de improvisação para cada um dos músicos de sopro. Cada chorus é formado por 32 compassos, sendo: dezesseis compassos em Ré menor (Dm) – recomendando-se contar em dois grupos de oito –, oito compassos em Mi bemol menor (Ebm) e mais oito compassos em Ré menor (Dm). A execução deve ser em swing feel, ou seja, a colcheia deve ser tocada com a característica do jazz, na qual a primeira é levemente alongada em relação à segunda.
Para a construção do tema, o contrabaixista utiliza a escala de Ré menor dórico (II grau de Dó maior), explorando também slides. A digitação segue a maneira utilizada por Paul Chambers no contrabaixo acústico. No walking bass, o baixista cria variações a partir da escala de Ré menor dórico e de cromatismos direcionados às notas do arpejo (fundamental, terça menor, quinta e sétima). Quando a harmonia modula para Mi bemol menor (modo dórico – II grau de Ré bemol maior), ele emprega os mesmos recursos, tomando agora como referência a nota Mi bemol. É interessante notar que o baixista parte, em determinado momento (compasso 65), de um shape baseado na nota Ré bemol, ou seja, na escala do tom.
Como a linha de contrabaixo é improvisada ao longo de toda a peça, recomenda-se o estudo do walking bass presente nos dois chorus do improviso de Miles Davis (compassos 45 a 108) como base para o seu estudo. Os demais chorus consistem em variações sobre as ideias apresentadas nesses trechos.
“So What” consolidou-se como um marco na história do jazz, não apenas pela genialidade de Miles Davis e seus colaboradores, mas também pelo caráter inovador de sua construção modal. O papel de Paul Chambers no contrabaixo é fundamental para a compreensão da peça, tanto pela sustentação harmônica quanto pela criatividade rítmica e melódica que influenciaram gerações de músicos. Trata-se, portanto, de uma obra essencial para o estudo do jazz moderno e para o entendimento da linguagem do walking bass dentro do estilo.
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Bons estudos e até a próxima coluna!
Fernando Tavares utiliza cordas Giannini e cabos Datalink.
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