sexta-feira, 28 de maio de 2021

Artigos & Resenhas - Brick in a Tie / Stringbreaker & The Stuffbreakers - Por Luiz Domingues


Olá pessoal! 


Estamos de volta com mais uma coluna Artigos e Resenhas aqui no nosso site. Dessa vez o sensacional Luiz Domingues nos fala sobre o álbum "Brick in a Tie" da banda Stringbreaker & The Stuffbreakers. 


A matéria original pode ser encontrada neste link.

http://luiz-domingues.blogspot.com/2019/05/cd-brick-in-tie-stringbreaker.html


Lembrando que o nosso amigo possui três blogs diferentes que estão nos links abaixo.

http://luiz-domingues.blogspot.com.br/

http://blogdoluizdomingues2.blogspot.com.br/

http://luizdomingues3.blogspot.com.br/


Um breve release do Luiz feito pelo próprio:

Sou músico e escrevo matérias para diversos Blogs. Aqui neste Blog particular, reúno minha produção geral e divulgo minhas atividades musicais. Como músico, iniciei minha carreira em 1976, tendo tocado em diversas bandas. Atualmente, estou atuando com Os Kurandeiros.


Sem mais, vamos ao texto do Luiz:

Brick in a Tie / Stringbreaker & The Stuffbreakers - Por Luiz Domingues


Ao tratar-se do grupo, Stringbreaker & The Stuffbreakers, creio que eu já gastei o meu repertório de elogios efusivos ao seu trabalho, quando tive o prazer de resenhar os seus dois primeiros trabalhos, ambos, excelentes. Portanto, é óbvio que mediante tais trabalhos pregressos tão bons, gerou-se uma pressão natural (e muito boa, ao meu ver), sobre os componentes da banda em relação aos seus trabalhos do porvir. Manter tal padrão de qualidade, tornou-se uma adorável obrigação para tais artistas, e superá-la, então, um desafio audacioso, embora certamente prazeroso para eles, enquanto desbravadores da criação.

Eis então que o terceiro trabalho chegou e cheio de estilo, pois veio para confirmar que esse Grupo de Rock não está para brincadeira e sim, empenha-se para superar-se, sempre. E se uso a expressão: “Grupo de Rock”, é algo proposital, pois remete a um tipo de nomenclatura que foi muito usada nas décadas de 1960 e 1970 e naturalmente que cabe como uma luva para este trabalho, que tão bem dignifica as influências que o marcam, oriundas dessas duas décadas de ouro para a história do Rock. 


Em “Brick in a Tie”, o seu terceiro álbum, o Stringbreaker & The Stuffbreakers, mantém a sua pegada forte, mediante o uso e abuso de influências nobres do Rock setentista (e sob diversas vertentes professadas naquela década, é bom frisar), além de marcar presença pelo aspecto da tomada de posição, via manifesto ou “statement” como queira o leitor, visto que a ideia de um “tijolo na gravata” (“Brick in a Tie”, o nome do álbum), tem a força simbólica e mastodôntica de quem denuncia o peso que atravanca-nos enquanto sociedade, e entenda-se isso por diversos aspectos da opressão sistemática pela qual estamos todos submetidos, diuturnamente.


O trabalho segue a linha dos álbuns anteriores na opção pela música instrumental. Outro desafio e tanto, a valorizar ainda mais o esforço desses artistas em lutar com tanta dignidade para fazer um obra deveras bonita e que na contramão de toda a expectativa da difusão mainstream, fechada há anos em suas convicções equivocadas em prol da anticultura de massa, este grupo insiste no Rock, na raiz setentista e ainda por cima a expressar-se pela música instrumental, ou seja, faz tudo ao contrário do que os vampiros que comandam a difusão mainstream preconizam e ao enxergar pelo lado estritamente artístico, isso é de uma coragem e honestidade a toda prova. 

Perfeito, que danem-se os sabichões que escolhem músicas para tocar nas novelas de TV, programas populares etc, pois o Stringbreaker and the Stuffbreakers tem o seu compromisso com o Rock verdadeiro e ponto final. Ainda bem.


Sobre a capa, eu gostei muito de sua concepção gráfica. A ilustração da capa principal mostra o tijolo devidamente envolvido pela gravata em questão, aludida no título e no seu desenho interno, sugere-se uma anatomia humana, discreta. E tudo isso sob um fundo sob uma matiz marrom, bem leve. 

No encarte, observa-se ótimas ilustrações em ritmo de Comics/HQ, muito bem desenhadas e temáticas a reforçar alguns títulos de canções. Contém também a foto da banda posada, e bastante informações técnicas sobre o álbum. Tal arte gráfica é um belo trabalho de Ricardo Bancalero, com foto de Marco Gaiotto.

A respeito das faixas, observo algumas particularidades, a seguir, aliás, ouça abaixo o álbum, enquanto continua a ler esta resenha: 



Eis abaixo, o link para escutar diretamente no You Tube : 

“Acts of Desperate Men”
Trata-se de um Blues-Rock com peso. Apresenta um riff central muito bom, bem ornado por uma cozinha firme, mediante a boa base de guitarras e a contar com o reforço discreto de um órgão Hammond, porém eficiente ao extremo. Gostei do uso de pausas e do final brusco, proposital do arranjo.

“Take #25”
Esta faixa apresenta uma linha de baixo belíssima. Além disso, destaca-se o seu timbre robusto, sob extremo bom gosto. Apreciei a boa desdobrada em determinado ponto, que recordou-me toda a pompa do Pink Floyd em: “Breath”. 

“Money Waltz”
Como sugere o título dessa canção, trata-se de uma valsa, sob a clássica estrutura rítmica em fórmula de compasso, 3/4. Mas a canção não segue tal linha até o seu final e na verdade, mostra algumas transformações em seu decorrer. 
É de uma uma atmosfera sombria e melancólica, mas muito bonita igualmente, pela sugestão de sua linha melódica. Existe uma abrupta opção pelo Blues-Rock, bem marcado e vibrante, para em seguida voltar-se ao tema inicial. 
A linha de bateria é muito caprichada, assim como a linha do baixo e a base é bem robusta da parte da guitarra. Os solos excelentes são observados e uma surpresa boa, uma rápida inserção em tom de homenagem é encaixada em meio ao solo, quando o grupo executa um trecho da canção: “Lazy”, do Deep Purple, sob uma rápida e incisiva ação, diga-se de passagem.

“Stone Rule”
Eis um Funk-Rock ultra setentista, com um balanço incrível, a lembrar-nos com saudade dos filmes ao estilo "Blaxpoitation" produzidos naquela década. É literalmente impossível não ter vontade de dançar com um tema desses, ainda mais quando tocado com esse brilhantismo todo, da parte dos três instrumentistas do grupo.

“St Patrick Aerostat”
Mais um Blues-Rock vigoroso, com a felicidade de ser composto por um riff muito forte. Adorei o uso do cowbell na bateria. Ao fugir do trivial, o arranjo feito para tal acessório de percussão, fez uso de desenhos rítmicos muito criativos, para provar que o percussionista não basta ser bom, tecnicamente, mas ao empreender criatividade, mostra um diferencial e tanto. É muito boa uma frase em efeito "looping" do baixo, ainda mais valorizada pelo uso de um timbre poderoso. 

“The Long and Short of It”
Gostei muito dessa música, com um balanço muito forte a insinuar uma intenção Pop, mas no melhor sentido do termo. Contém violões muito bons a pontuar a base, junto às guitarras.

“Ending Drizzle”
A faixa mais singela do álbum, com uma delicadeza muito grande no arranjo. Mais uma melodia muito feliz executada pela guitarra e em certo aspectos, os climas propostos, remetem a uma certa evocação do oriente, embora não seja algo explícito, porém, sutil.

“Stutering Five”
Aqui, temos um tema mais pesado, a lembrar mais o Hard-Rock, embora contenha um balanço muito forte, igualmente, a sugerir o Funk-Rock, sem cerimônia. Há um solo de baixo muito bonito, melódico, e que despertou-me a lembrança de John Entwistle.

“The Undertaker”
A faixa mais densa do disco, certamente. É o sentido mais pesado do Hard-Rock setentista e que o Black Sabbath tão bem utilizou em sua carreira no início, naquela década. Advém ao final, uma parte mais calma e a conter mais um ótimo solo de baixo.

“Unwearing”
Eis uma balada com um arranjo muito bonito com cordas acústicas e apoio do órgão Hammond.

“Tuxedo Run Over”
Trata-se de um Blues-Rock mesclado ao R’n’B, com apoio pontual do órgão Hammond. Gostei da parte final com acordes secos em sentido rítmico de "staccato", a passar pelas frações na fórmula de compasso, com acentos quebrados. Um toque de Rock Progressivo, portanto, certamente a remontar ao som do King Crimson.


Sobre o áudio dessa produção, eu digo que apreciei demais os timbres de todos os instrumentos, certamente a buscar referências vintage e a lograr êxito, sem dúvida alguma. Tenho uma observação negativa apenas, e trata-se de uma opinião versada pelo meu gosto pessoal tão somente, portanto não pode ser entendido como um demérito da produção, todavia, achei que há um excesso de reverber na mixagem como um todo e acentuadamente na bateria.

A recomendação deste álbum, de minha parte, é automática, visto tratar-se do terceiro trabalho desse grupo que eu analiso e do qual, tem a minha admiração total, desde o seu início. É uma banda que persevera e evolui a cada trabalho, portanto, peço ao leitor que também a prestigie com entusiasmo. E que venham mais obras desse alto calibre, de sua parte!

Gravação de cordas e teclados: Spilacktag Estúdio
Estúdio Gravação de bateria: Estúdio Toolbox 68
Captura / mixagem e masterização: Guilherme Spilack
Capa (criação e lay-out): Ricardo Bancalero
Fotos: Marco Gaiotto
Produção: Guilherme Spilack

Stringbreaker & The Stuffbreakers:


Guilherme Spilack: Guitarra; Violões e Teclados
Sérgio Ciccone: Bateria
Dilson Siud: Baixo

Para conhecer melhor o trabalho da banda, acesse:
Canal do You Tube: 

Página do Facebook:

Site:

Contato direto com a banda: 
info@stringbreakerrock.com

Curtam o som desta super banda e até a próxima coluna!

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